Tem notado que nos últimos meses chega ao final do dia mais cansado, com desconforto nos olhos, dores de cabeça e até visão turva? Não está sozinho. As queixas relativas a este tipo de sintomas aumentaram em Portugal e estão em grande parte relacionadas com o confinamento e consequente aumento do teletrabalho.
Para tentar perceber se este é de facto um fenómeno real, a NiT falou com Nuno Campos, diretor de serviço do Centro de Responsabilidade de Oftalmologia do Hospital Garcia de Orta e médico CUF.
É preciso deixar claro, para começar, que nada disto tem a ver com um mau atendimento durante a pandemia: “As urgências mantiveram-se a funcionar e tudo o que era urgente foi resolvido ou está a ser resolvido”. O especialista explica também que, apesar de grande parte das consultas de rotina e das cirurgias não prioritárias terem sido adiadas e isso ter levado a uma acumulação de atividades por resolver, foi um prejuízo sofrido por “todas as áreas da medicina”.
Por outro lado, muitas consultas passaram a ser feitas por vias alternativas como a chamada telefónica ou o email, o que permitiu resolver mais facilmente situações sem gravidade. Ao mesmo tempo, começaram a surgir também as tais queixas ligeiras que muita gente tem notado e que são “uma perspetiva com base científica” que está a ser estudada, embora Nuno Campos frise que esses estudos ainda “não estão acabados”.
De acordo com o oftalmologista, as queixas têm surgido numa faixa etária maioritariamente jovem, com idades até aos 40 anos. Não são casos graves mas prendem-se com o facto de o confinamento vivido por causa da pandemia ter levado a um aumento do trabalho em casa..
“O aumento do teletrabalho e a ansiedade pessoal fez com que as pessoas passassem mais tempo à frente do ecrã, o que provocou um agravamento do histórico de olho seco.”
Isto tudo faz com que haja um peso maior sobre a visão. A partir daí chegam as frequentes queixas de olho seco, dificuldades de visão, dores de cabeça, ardor ou dificuldades em focar, como aponta o especialista.
Ainda assim, Nuno Campos explica que isto não é grave e que é uma questão muitas vezes resolvida com facilidade através da receita de lágrimas artificiais ou de um lubrificante ocular por parte do médico. Por isso é que é importante contactar o seu oftalmologista se tiver algumas destas queixas, mesmo que o faça por via remota, sem necessidade de ir ao consultório.