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Carlos, o groomer mais rock and roll do País está no Seixal

Cães e tesouras são a vida de Carlos há 30 anos. É o único profissional português com prémios em concursos na Europa e na Ásia.
Carlos chegou ao Seixal há cerca de um ano.

Carlos Alves tem 51 anos e destes os últimos 30 têm sido dedicados ao cuidado de cães. Uma paixão que começou com a compra de um cachorro, no final da década de 80, em Viana do Castelo. Instigado pela curiosidade e por várias voltas que a vida dá, chegou a Cascais para ficar a conhecer mais sobre a raça. No caminho encontrou um dos maiores criadores nacionais. Ali chegou e ali ficou por 15 anos. Aprendeu a cuidar de cães e, acima de tudo, aprendeu o que é importante na vida dos animais: a sua saúde e bem-estar. Um lema que segue até hoje.

Curioso, dedicado e perfecionista, Carlos queria saber mais e mais. Num tempo em que a Internet ainda não dominava as nossas vidas, nada como meter pés a caminho e procurar informação junto de quem a tinha. A estrada levou-o a Inglaterra. Neste país, reconhecido pela sua devoção aos animais, deparou-se com novas formas de bem tratar os cães.

Recebeu ensinamentos. Muitos e bons. Voltou a Portugal com conceitos novos e técnica apurada. Os criadores de cães cedo perceberam que a técnica de Carlos era diferente. Não tardou a ser responsável pelo tratamento dos cães levados a concurso pelos donos. Não tardou, igualmente, a ganhar o cunho de “o melhor que há”. Cão que passava pelas suas mãos tinha uma grande probabilidade de sair com a medalha de ouro dos certames de beleza nos concursos caninos.

Como em todas as áreas, o “passa-a-palavra” é a melhor publicidade. E esta não é exceção. “Cheguei a cuidar e arranjar 22 cães para a mesma exposição”, conta Carlos, com um brilho no olhar, à New in Seixal. Perante o olhar de espanto desta resposta, Carlos avança: “É muito cansativo, porque um cão para estar impecável numa exposição necessita de começar a ter cuidados redobrados uma semana antes da competição, mas é muito recompensador”.

Durante alguns anos as viagens constantes a Espanha permitiram-lhe apurar mais e mais as técnicas de corte indicadas para cada raça. “Quando conseguimos aplicar o que aprendemos, queremos aprender mais para conseguirmos ser melhores naquilo que estamos a fazer.

A paixão e o reconhecimento dos seus pares levou-o a participar em concursos internacionais. E quem entra no seu espaço, na Torre da Marinha, não pode deixar de ficar espantado com a quantidade de prémios e troféus que ali se encontram. Numa espécie de visita guiada é quase possível fazer uma volta à Europa. Mas o ex-libris de Carlos é o troféu que trouxe da Malásia e que o transforma no primeiro português a sagrar-se campeão em dois continentes.

E quem pensa que a carreira de groomer se resume a dar banho, escovar e pentear um cão, desengane-se. Cada raça tem a sua especificidade, a sua técnica de banho, escovagem, secagem, corte. Tudo o que implica deixar um cão bonito. “Bonito, sim, mas acima de tudo saudável”, vinca Carlos que abraçou a profissão numa altura em que a palavra groomer ainda não era descodificada em Portugal.

“Agora está na moda. Muita gente acha que basta gostar de animais, pegar numa tesoura e já está”, indica mostrando alguma irritação. “É preciso muita e boa formação”, sustenta. “Sou dedicado a esta causa há 30 anos, estudei muito, investi muito. E o conselho que dou a toda a gente que queira abraçar esta profissão é que estude, porque acima de tudo o que está sempre, mas sempre, em causa é o bem-estar dos animais”.

Esta é, de facto, a grande preocupação de Carlos. Foram várias as vezes, ao longo da conversa da New in Seixal, que o groomer fez questão de voltar a este assunto. “Nunca nos podemos esquecer que o animal é a nossa prioridade. Não posso aceitar que um dono queira que o seu cão seja tosquiado só porque larga muito pelo em casa quando a raça não o indica. Isto acontece muitas vezes”, conta e acrescenta: “As pessoas têm de ter a noção que o pelo tem uma função muito específica nos cães, nomeadamente ao nível da proteção do sol e do calor. Mais do que protegê-los do frio, o pelo protege-os do sol e do calor”.

Não são os cães que seguem Carlos. Ele é que os segue. E há cerca de um ano, o caminho seguiu a direção do Seixal. Aqui chegou com a vontade de iniciar uma nova etapa com Andreia Martins, a groomer com quem partilha a vida e o negócio. “É mais fácil arrancar um negócio aqui do que em Lisboa, por exemplo”, conta. “Conseguimos este espaço que tem as condições ideais com um arrendamento sem valores astronómicos, os clientes não necessitam de pagar estacionamento, o que é uma vantagem enorme”, sublinha.

Clientes são muitos e variados, mas todos exibem o cartão de fidelidade. “Neste momento, a maior parte dos nossos clientes não são do Seixal, vêm de vários pontos do País. Vêm aqui pelo trabalho do Carlos”, vinca Andreia com evidente orgulho. “Até acabamos por transformar a ida do animal ao groomer num passeio para a família. Deixam-nos os animais e vão conhecer o Seixal e as redondezas”.

E o rock and roll? Afinal, onde se encaixa o nome Dogs Grooming Rock &Roll? “Gostamos muito de rock&roll e, na altura quando criámos a loja tínhamos de ter um nome que fosse diferente, porque nós somos diferentes”, diz Carlos sem qualquer ponta de arrogância ou prepotência. Durante a visita da NiS, ao fundo a toada rock lá estava, os cães presentes todos muito calmos e quase possível de advinhar que estavam a curtir o que ouviam. Carlos Alves é mesmo o groomer mais rock&roll do País.

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