Depois de uma terceira vaga absolutamente devastadora, a situação pandémica em Portugal tem vindo a melhorar, mas ainda assim os critérios para desconfinar não foram ainda alcançados, tal como têm reiterado o governo e os especialistas do setor da saúde.
Com os internamentos e as camas de cuidados intensivos em valores que não permitem desconfinar, é no entanto certo que este regresso faseado à atividade deverá começar nos próximos meses, com muitos médicos e até o Presidente da República a pedirem, nos últimos dias ao governo que que prepare e apresente o seu plano, ainda que susceptível de adaptações, para que a sociedade se possa preparar — um pouco à semelhança do que está a fazer o Reino Unido.
No entanto, o próprio governo já deu a entender que ainda não terá esse plano e, para já, é apenas certo isto: que o Estado de Emergência, o 12.º, será aprovado na tarde desta quinta-feira, 25 de fevereiro, no Parlamento e que terá moldes muito semelhantes ao atual, em que o confinamento e as atividades não essenciais fechadas são palavra de ordem; e que deverá vigorar até 16 de março.
Apesar de tudo isto, esta quinta-feira, começou a circular um documento no WhatsApp que se tornou partilhado e viral em poucas horas. Trata-se do que parecia ser, afinal, um plano de desconfinamento do governo: com supostos logos oficiais, com fases e medidas por fases, semelhante ao britânico — e com muitas parecenças ao que foi apresentado no ano passado, quando Portugal desconfinou pela primeira vez.
Neste documento, apontam-se regras gerais e depois específicas, com datas para quando cada setor deverá voltar a funcionar e em que moldes. Há detalhes relativos a imensos segmentos da sociedade, com variados pontos iguais ao programa de desconfinamento de 2020.
Só que, tudo isto, é falso. A NiT confirmou junto de fonte oficial do ministério da Saúde essa informação — o documento foi inventado e posto a circular nas redes. Mas não é oficial nem corresponde ao real plano do governo. Por enquanto, fica por saber quem terá criado o documento e os seus motivos.
Entretanto, a Presidência do Conselho de Ministros emitiu um comunicado em que frisa que “o suposto plano de desconfinamento, imputado ao governo, consiste numa adulteração abusiva da tabela de desconfinamento divulgada em abril do ano passado”.
Para quem levanta as teorias de ele ter pelo menos uma base de verdade, o executivo acrescenta: este documento “não tem qualquer veracidade, não é da autoria do governo, nem se baseia em qualquer trabalho preparatório, pelo que às informações constantes do mesmo não deve ser atribuída qualquer credibilidade”. O governo fala ainda em “desinformação e falsas expectativas que tal documento pode gerar”, até com “risco para a saúde pública”, pelo que a “falsificação será objeto de comunicação ao Ministério Público”.