“Um café, por favor”. Esta é, muito provavelmente, uma das frases que mais se ouvem pela manhã de norte a sul do País. E há muitas pessoas que admitem que só depois daquele primeiro café da manhã é que conseguem ter energia para enfrentar o dia. Por outro lado, também há quem, religiosamente, não tome café depois de determinada hora, com medo de não conseguir dormir à noite. Mas será que o efeito do café no sono — e na falta dele — é assim tão grande?
Para perceber melhor esta relação, é preciso olhar para a história e origem do café. De acordo com vários historiadores, a teoria mais aceite é que o café terá sido consumido pela primeira vez na Etiópia, quando um pastor de cabras percebeu que os seus animais ficavam cheios de energia e não dormiam à noite depois de comer as frutas vermelhas do cafeeiro.
Depois da descoberta, Kaldi, o tal pastor, partilhou a descoberta com os monges locais. Estes torraram a fruta e colocaram-na num tanque de água quente, de onde beberam aquela que seria a primeira chávena de café. Uma descoberta que rapidamente se tornou em duas: afinal de contas, a partir daí, os monges perceberam que poderiam ficar a noite toda a orar, tal era o efeito estimulante do recém conhecido café.
Histórias à parte, afinal, o café tem realmente o poder de nos manter acordados? Um estudo publicado na Frontiers in Pharmacology, em 2018, verificou que a cafeína combate a adenosina, isto é, uma substância que se acumula no organismo durante o estado de vigília (a ação de não dormir durante a noite), que se relaciona depois com a sonolência.
O facto é que, por outro lado, há também quem a cafeína não ajude a acordar. Para essas pessoas, que tipo de resposta científica justifica a ineficácia do café nas primeiras horas da manhã?
Outro estudo publicado no Journal of Experimental Psychology, “Learning, Memory and Cognition”, em 2021, descobriu que a magia do despertar com a ajuda da cafeína só o ajudará nas coisas fáceis e passa muito rapidamente. Um efeito que é ainda mais evidente quando tem uma noite menos boa ou está simplesmente com falta de sono.
A investigação analisou 276 pessoas, que passaram por testes cognitivos, sendo depois orientadas aleatoriamente para ficar acordadas ou para dormir durante a noite. No dia seguinte, os investigadores fizeram os mesmos testes, mas desta vez, deram a cada uma das pessoas cafeína.
Os resultados mostraram que esta substância ajudava, de facto, com as tarefas mais simples, que não precisavam de grande atenção. Pelo contrário, a sustância psicoativa mais consumida no mundo pouco ou nada ajudava nas tarefas mais complexas, levando as pessoas a cometer diversos e consecutivos erros.
Além disso, é comum que as pessoas realmente acreditem que o café aumente a produtividade. Um facto que por si só já estimula o organismo a esforçar-se mais, a permanecer em alerta e a lutar com mais intensidade contra os sinais de cansaço. O que não significa que seja uma energia extra necessariamente proveniente do café.
De qualquer das formas, isto não invalida as já comprovadas componentes nutricionais desta bebida de consumo mundial, que se sabe que em muitos casos aumenta os níveis de energia, melhora a atenção e o humor, as habilidades de memória de curto prazo, os tempos de reação, a rapidez com que se processa informações, e mais uma infinidade de outros benefícios conhecidos para o corpo humano.
Portanto, se ficou até mais tarde acordado a ver mais um episódio da sua série favorita, não estranhe que o café ao pequeno-almoço do dia seguinte não tenha o efeito despertador que gostaria. A solução estava nas horas de qualidade e bem dormidas que não aconteceram na noite passada.
Não nos podemos também esquecer que há outros alimentos e, especificamente, bebidas, que contêm da mesma forma esta sustância com efeito estimulante no organismo: a cafeína. É o caso do chá. A NiT fez uma seleção de oito chás que podem ajudá-lo a calmar ou no processo de perda de peso. Carregue na galeria para os conhecer.