Alterações climáticas, poluição, esgotamento dos recursos naturais e a perda de biodiversidade: à primeira podemos não associar diretamente, mas a verdade é que a forma como se produz e consomem alimentos tem vindo a contribuir e, mais do que isso, a ser um fator de agravamento de vários dos problemas ambientais com que o ser humano já está a lidar no dia a dia.
Para inverter este processo, e porque a nossa qualidade de vida está dependente da nossa capacidade de viver dentro dos limites dos recursos disponíveis, a União Europeia tem unido esforços e está, neste momento, verdadeiramente empenhada em incentivar o consumo e a produção sustentável.
Estes dois conceitos — o consumo e a produção sustentável — envolvem, resumidamente, consumir menos e melhor, prestando especial atenção aos impactos ambientais, sociais e económicos. É, na prática, um processo que inclui a utilização dos recursos naturais e da energia de forma mais eficiente para que, assim, se possam reduzir as emissões poluentes e outros tipos de impacto ambiental.
Com esta nova forma de consumir e produzir, a ideia é que se possam satisfazer as necessidades de produtos e serviços e, ao mesmo tempo, promover uma melhor qualidade de vida, assegurando que as gerações futuras venham a ter os recursos que precisam.
É aqui que entra a produção local e por diversas razões. Por exemplo, um dos pontos salientados pela Dieta Mediterrânica incentiva ao consumo de produtos nacionais/locais e tradicionais do País. Até porque é uma mais valia, já que após a colheita, pesca ou abate, os alimentos vão perdendo nutrientes. Por isso, quanto menor for o tempo de transporte e distribuição entre a origem e o consumo, maior será a qualidade nutricional do alimento.
Afinal, o que é a produção local?
Produzir localmente é fornecer ao consumidor alimentos frescos, de qualidade e autênticos, com o devido respeito pelos ciclos naturais de crescimento. A promoção deste conceito prende-se com o compromisso de melhorar a qualidade de vida das gerações atuais e futuras, permitindo que as comunidades se tornem sustentáveis, socialmente justas e inclusivas, com uma economia local forte e viável.
Se a agricultura de proximidade desaparecesse, o abastecimento alimentar das populações seria colocado em causa e resultaria na inviabilidade do autossustento de muitas famílias. Portanto, consumir produtos locais significa reforçar o sistema produtivo, a base económica e a soberania alimentar.
Com isto, não falamos apenas de garantir disponibilidade de alimento para todos, mas dar a opção dos consumidores poderem escolher o que preferem consumir, bem como reduzir as dependências externas, o aproveitamento dos recursos agrícolas existentes e criação de riqueza. Isto tudo, ao mesmo tempo que se promovem hábitos e comportamentos saudáveis.
Note que a globalização económica foi um importante contributo para a progressiva centralização da produção e distribuição alimentar, o que fez com que muitos dos produtos que consumimos diariamente tenham um impacto significativo no ambiente.
Para inverter esta tendência, existem já diversos consumidores portugueses que estão a mudar de hábitos e consomem cada vez mais produtos locais. E mantém-se, sobretudo não pelo preço nem pela sua disponibilidade de rendimento, mas pela qualidade. Isto para não mencionar o facto de que, cada vez mais, os consumidores estão igualmente atentos às questões sociais e ambientais.
Conclusão: consumir produtos da agricultura familiar é um hábito positivo, não só para a nossa saúde, mas também noutros fatores, como a economia e a cultura, neste caso, do nosso País e da nossa região.
Seis motivos que devemos ter em mente para consumir produtos locais
1 — Produtos mais frescos e saudáveis: Quanto mais rápido o alimento chegar até si, maior é a probabilidade de ele não ter perdido todos os nutrientes benéficos para a sua saúde. Alguns alimentos, mesmo que ao natural, podem ter os seus valores nutricionais alterados devido a condições precárias do transporte por longas distâncias.
2 — Fortalece a economia da região: Além de ajudar famílias e agricultores regionais, o consumo de produtos locais ajuda a confortar a economia das pequenas comunidades.
3 — Menos lixo, desperdício e poluição: Com menos tempo de transporte, o produto local utiliza menos embalagem, gerando um volume menor de lixo e desperdício. Reduzindo o transporte, diminui também as emissões de carbono na atmosfera.
4 — Preservação dos espaços rurais: Com o crescimento das cidades e das grandes indústrias, muitas pessoas veem-se forçadas a adaptar-se a uma cultura global. Com isso também se perde a cultura regional. Valorizar quem faz localmente ajuda a manter os negócios próprios e mantém a cultura.
5 — Construção de uma comunidade: Ao comprar um alimento em comércios pequenos está a criar uma conexão entre quem come e quem planta. Saber quais os alimentos típicos de uma determinada época do ano é um ponto a favor, sobretudo na alimentação.
6 — Investimento no futuro: Ao apoiar agricultores locais hoje está a garantir que eles continuarão a existir na sua comunidade amanhã. E isso também significa que terá sempre a oferta necessária de comida boa e de qualidade perto da sua casa.
Por todos estes motivos, fica aquilo o incentivo e apelo para que coloque ainda hoje em prática esta necessidade de consumir produtos locais. Não apenas para garantir o seu bem-estar, como também para nutrir de forma saudável o seu corpo, uma vez que sabe, realmente, o que está a comer.
Para saber mais sobre estas e outras questões, pode marcar uma consulta, presencial ou online, com a nutricionista Mariana Machado através da página de Instagram, do site, do email (mmnutricoach@nullgmail.com) ou do contacto (937 952 587).