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Os truques secretos de uma nutricionista para enfrentar os excessos natalícios

Conceição Calhau revela à NiT como é que se pode preparar o corpo para as inevitáveis fartas refeições de Natal e Ano Novo.
É uma época muito esperada.

O Natal está a chegar e, com ele, os típicos excessos alimentares que fazem parte da quadra festiva. Entre rabanadas, aletria e azevias, manter uma alimentação equilibrada pode ser um desafio. No entanto, há estratégias simples que ajudam a evitar o desconforto e a má disposição.

A primeira dica é evitar dietas muito restritivas nas semanas que antecedem o Natal, na esperança de perder peso rapidamente. “Passar fome é um comportamento errático e não é uma boa solução. As pessoas levam uma vida de escolhas alimentares erradas e isso manifesta-se no organismo, com metabolismos baixos”, explica Conceição Calhau, nutricionista, professora catedrática da Nova Medical School e autora do livro “Deixemo-nos de Tretas: a Ilusão da Comida Saudável”.

Segundo a especialista, as escolhas alimentares certas devem ser consistentes ao longo do ano e começar “logo no dia 2 de janeiro e não apenas alguns dias antes de alturas especiais como esta”. Conceição enfatiza a importância de educar o organismo para que “aquela noite seja uma exceção e não algo habitual.”

Para preparar o corpo para os estímulos alimentares que marcam esta época, a professora recomenda uma rotina saudável, que inclua a dieta mediterrânica, refeições nos horários biológicos corretos e exercício físico regular. Desta forma, pode-se aproveitar a quadra natalícia sem grandes consequências.

Conceição Calhau salienta que os alimentos da ceia tradicional têm muitos benefícios, já que incluem peixe e produtos hortícolas. O problema surge com as entradas e sobremesas menos nutritivas. “A alimentação é um exercício esotérico e obsessivo, mas é uma variável do nosso estilo de vida que devemos compreender e respeitar, com moderação.”

Uma forma de preparar o organismo para os excessos é reduzir ou eliminar o consumo de açúcar nas semanas que antecedem o Natal. “Não comer até lá pode ser suficiente para o corpo perceber. Nos primeiros dias pode ser mais difícil, mas com o tempo torna-se algo normal e deixa de sentir a falta deste aditivo.”

Outro erro comum nas dietas é cortar os hidratos de carbono, que geram um “craving [ou desejo] maior”. Conceição recomenda manter alimentos como arroz, massa, batatas e pão, enquanto se aumenta a ingestão de fibras, que deve atingir as 25 gramas diárias.

Uma estratégia simples é começar as refeições com pratos principais nutritivos para reduzir o apetite por sobremesas. “Se encher o prato com bacalhau, couves e grão-de-bico, vai ter menos espaço para os doces no final.” Outra sugestão para equilibrar os níveis de açúcar é optar por frutas da época antes das sobremesas. “Corte fatias de laranja ou descasque uma romã e junte-lhes um pouco de canela. Este alimento ajuda a diminuir a glicose, é saudável e uma boa ajuda para equilibrar os níveis de açúcar.”

Conceição reforça ainda a importância da dieta mediterrânica, que dá prioridade ao peixe, reduz a proteína animal e privilegia leguminosas como feijão, lentilhas e grão. Metade do prato deve ser preenchido com hortícolas, como brócolos, espargos e grelos.

“Em Portugal, os hábitos alimentares são o segundo fator de risco que mais condiciona a saúde, a seguir ao tabaco.” O consumo excessivo de gordura saturada, açúcar e sal está associado a doenças como obesidade, diabetes, cancro, problemas autoimunes e um sistema imunitário debilitado.

A mensagem principal, segundo Conceição Calhau, é que o cuidado com a saúde deve ser uma prática constante: “É preciso passar a mensagem que temos direito à saúde, mas também temos o dever de cuidar dela.”

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