Nesta época do ano os descontos são muitos e chamativos e dão origem a compras impulsivas, sem sequer pensarmos muito no que estamos a comprar e se, de facto, precisamos. Há sempre aquele lado que nos diz para aproveitar os saldos para comprar produtos fora de época a um preço muito mais acessível.
Mas a linha que separa umas compras manifestamente exageradas e a compulsão vai uma distância muito grande. Contudo, o número de pacientes com este estado emocional tem vindo a crescer nos últimos anos. A NiS convidou a psicóloga seixalense Sofia Andrade para esclarecer tudo.
O que é o vício por compras?
O ser humano é movido pelo desejo e pela procura constante do prazer, que existe há milhares de anos e move o ser humano, tornando-o diferente da própria espécie animal. Podemos afirmar que as compras geram este prazer no cérebro, de ter acesso a algo e que pode chamar de seu, ou seja pelo simples desejo de ter ou de se diferenciar perante a sociedade.
Porém, quando este desejo de ter algo supera a necessidade e torna-se um impulso doentio, vira uma compulsão. No vício pelas compras a pessoa passa a sentir um desejo incontrolável de consumir sem ter objetivos ou necessidade, apenas a compra pela compra. O resultado posterior à aquisição, é um sentimento de culpa e que causa um enorme mal-estar, diante da visão de que cometeu algo errado, continuando até com o sentimento de vazio.
Será que é considerado um distúrbio?
Como é algo que foge da vontade humana, o vício por compras é caracterizado como um distúrbio de impulso. Causando sofrimento ao paciente que sofre deste malefício, tanto psicológico quanto físico, já que poderá trazer enormes prejuízos financeiros, dívidas, cobranças, e inclusive poderá acarretar surgimento de outras psicopatologias, como é o caso da própria depressão.
A compulsão por comprar costuma vir acompanhada de ansiedade, podendo ser fruto de uma depressão, quando são caracterizadas como uma comorbidade. Em indivíduos com transtorno bipolar os momentos de vício são caracterizados por momentos de euforia ou de mania nesses indivíduos, mas não se pode caracterizar como compulsão. Além disso, o vício em comprar pode estar relacionado ou transformar-se em outras compulsões, tais como: a comida, os jogos, as redes sociais, o sexo, entre outros.
É uma doença recente?
O vício pelas compras foi considerado uma doença apenas na década de 1980. Atualmente, ainda não há estudos conclusivos que comprovem como surgiu esta doença, mas pode estar associada a um historial familiar, ou seja, a relação com a história comportamental da família, que pode ter outros distúrbios como também a falta de controlo nos impulsos.
Outro fator está ligado à genética, com pesquisas científicas que indicam alterações nas enzimas chamadas de Monoamina Oxidase (Mao), que apresentam alto grau de gratificação e recompensa nos seus portadores. Neste caso, os indivíduos procuram incessantemente a sensação de gratificação, que ocorre de forma intensa no seu organismo, gerando o vício durante o ato de comprar algo.
Qual o tratamento indicado?
O vício por compras compulsivas deve ser tratado com recurso a um profissional de saúde, nomeadamente um psicólogo, que saberá fazer o melhor diagnóstico e tratamento do paciente. Atualmente há, inclusive, diversas abordagens bastante eficazes que ajudam no tratamento.
Porém, é claro que o acompanhamento psicoterapêutico é uma das formas de terapia cognitivo-comportamental que apresenta a melhor eficácia. Além disso, é fundamental o apoio familiar para a superação do problema, compreendendo como uma doença e que precisa de tratamento, e não de preconceito ou críticas discriminatórias.
É fundamental que o tratamento ensine o verdadeiro significado das compras, já que o indivíduo com esta perturbação continua a comprar, mas irá aprender a dominar a sua impulsividade e a conviver com isso de forma a que não o afete mais, com doseamento no controlo. Para isso, sugere-se que o paciente passe a obter a “recompensa” para o organismo de outras formas, principalmente com o afeto de outras pessoas, nomeadamente a família e amigos.
Quem é a psicóloga Sofia Andrade?
Para saber mais sobre estas e outras questões, pode marcar uma consulta presencial ou online com a psicóloga seixalense Sofia Andrade. Para isso, envie uma mensagem privada para a página de Instagram ou um email para andradesofia958@nullgmail.com.
Sofia Andrade é psicóloga e membro da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Licenciou-se e tornou-se mestre em Psicologia Clínica e de Aconselhamento. É ainda formadora certificada pelo IEFP e autora de várias publicações ligadas à sua área de especialização.
Recentemente decidiu levar a escrita mais longe e lançou em 2019 o livro “Crianças e Jovens em Perigo. Estudo de Casos Clínicos”. Tem ainda um canal no YouTube onde vai partilhando algumas das suas visões e conselhos nas várias áreas temáticas da psicologia.