O treino de eletroestimulação é uma das tendências mais populares nos ginásios e estúdios de norte a sul do País. Talvez porque prometa mais resultados em menos tempo. Há quem afirme que graças a esta tecnologia, há resultados visíveis após 12 semanas, com sessões de no máximo 30 minutos.
Mas, afinal, como é que funciona? “A corrente utilizada chama-se EMS e provoca uma eletroestimulação muscular, o que faz com que os músculos contraiam. É muito utilizada por fisioterapeutas em recuperações de pós-operatório ou distrofias musculares”, explica à NiT Leonor Falcão, fisioterapeuta do Centro Clínico Andar.
Para quem não gosta de passar horas a treinar ou tem pouco tempo disponível, esta técnica que surgiu há mais de 20 anos nos Estados Unidos aparenta ser uma solução prática e eficaz. Mas será mesmo? O conceito chegou a Portugal em 2014 e tem vindo a ganhar espaço nos serviços oferecidos por vários locais.
Cada sessão tem uma duração aproximada entre 20 a 30 minutos e trabalha cerca de 300 músculos em simultâneo, com uma ativação de 90 a 100 por cento das fibras musculares. Em termos práticos, isto corresponde a cerca de 36 mil contrações musculares. No entanto, a eficácia depende da colaboração do praticante. “É necessário haver contração muscular voluntária da pessoa para este método ser eficaz”, afirma a fisioterapeuta.
Os resultados rápidos tornam esta técnica especialmente atrativa. “Com sessões curtas e a curto prazo, é possível observar-se os efeitos porque a pessoa ganha mais consciência muscular do corpo.”
Apesar das vantagens, há alguns cuidados a ter. “De acordo com a evidência científica que existe, a questão dos efeitos das sessões é ambígua. Acho que o principal benefício é ser uma sessão curta, mas se não for aplicado por profissionais, podem ser desenvolvidas condições como rabdomiólise, uma patologia em que não há um bom funcionamento da troca de eletrólitos no metabolismo, podendo levar a ruturas musculares e até insuficiência renal.”
Apesar de ainda não existirem muitos estudos científicos sobre potenciais benefícios e malefícios, uma análise da Universidade Federal do Espírito Santo para o Centro de Educação Física e Desporto conclui que “é um método interessante de treino para melhorar a força, desempenho, alterações positivas da composição corporal e melhorias na saúde mental”. Alerta, contudo, que ainda que a “ocorrência de efeitos adversos pareça baixa”, são necessários mais estudos.
Por outro lado, um estudo da National Taiwan Sport University levou a cabo um estudo sobre os efeitos de um uso de EMS durante oito semanas e conclui que 1,5 treinos semanais “ajudam a aumentar a massa muscular” e que elevando até aos três treinos semanas, se verifica “um aumento significativo na massa muscular magra”.
Nem todos podem recorrer a este tipo de treino. Grávidas, pessoas com problemas cardíacos, trombose e epilepsia devem evitá-lo. “Além disto, há pessoas que desenvolvem irritações de pele devido aos elétrodos e produtos utilizados”, explica. Os custos também são um fator a considerar, já que as sessões custa, em média, 40€ e por mês fica a cerca de 150€ duas vezes por semana.
“Na minha opinião, o que acontece é que existe uma maior consciência corporal por parte de quem investe neste método, mas onde existem mais vantagens é numa reabilitação e recuperação muscular”, aponta Leonor Falcão, que nota também que os músculos mais pequenos são os que mais beneficiam, já que os músculos estruturais mais profundos dificilmente são atingidos pela corrente.
Quanto ao número de treinos por semana, a fisioterapeuta afirma que “um ou dois é o ideal para não sobrecarregar demasiado o músculo”, uma vez que “estamos a falar de um estímulo de corpo inteiro”. A profissional reforça que o método deve ser sempre aplicado apenas por especialistas qualificados: “É uma boa solução para quem quer permanecer ativo e não tem tempo livre para o fazer, mas sempre com profissionais da área formados em eletroestimulação”.