Embora seja diretora financeira há cerca de 14 anos, a corrida sempre foi o refúgio de Andreia Louzeiro. “Desde pequena que adorava praticar exercício físico e, em especial, corrida. No entanto, acabei por ter alguns problemas de saúde e, por receio, a minha mãe preferiu que deixasse as atividades”, começa por explicar a fundadora de 48 anos. Após muitos anos adormecida, a paixão pelo exercício regressou.
“Depois de ter sido mãe, queria fazer algo para conseguir recuperar o corpo que tinha antes de engravidar. Queria perder peso e acabei por encontrar na corrida um pequeno escape. Este era o momento dedicado a mim, onde não tinha de cuidar de mais ninguém”. A corrida preencheu a vida de Andreia nos últimos 15 anos, onde criou um grupo de corrida, o Seixal Running, tendo participado em quase todas as provas do concelho.
Porém, tudo mudou quando Andreia recebeu uma notícia assustadora: foi diagnosticada com Síndrome de Intestino Irritável e, mais tarde, com fibromialgia. “O primeiro diagnóstico chegou em 2022. No momento em que percebi que a corrida era um desporto de impacto e que despoletava crises, comecei a reduzir a frequência e intensidade”. Entretanto, veio a pandemia de Covid-19 e com o objetivo de manter uma saúde equilibrada, voltou-se novamente para a corrida.
Este regresso à modalidade fez com que as dores se agravassem, ao ponto de se tornar incapacitante. No entanto, ficou totalmente proibida de correr em 2023, quando os médicos a diagnosticaram com fibromialgia. “Nunca gostei de ficar parada e, por isso, comecei a procurar outras atividades que pudesse fazer, mesmo com este quadro médico”. Primeiro testou a natação, mas devido ao esforço, descobriu que não era o desporto ideal tendo em conta ambas as doenças. “Mais tarde, comecei pelo mais básico de todos, as caminhadas e, aos poucos, foi ganhando o lugar que antes era ocupado pela corrida”.
“A fibromialgia é uma doença que retira muito a energia e a verdade é que a caminhada ocupava-me a mente. Tento sempre manter-me positiva e pensar em coisas boas enquanto o faço. São estes momentos que me ajudam a ultrapassar esta doença”.
Andreia caminha quase todos os dias sozinha, mas sentia falta de se conectar com outras pessoas. “Fui à procura de grupos de caminhada no Facebook, alguém que pudesse fazer-me companhia e conversar enquanto praticava exercício. Nessa altura, deparei-me com uma grande falha: não existia nenhum em Fernão Ferro”. E foi assim que nasceu o Caminhantes do Trilho.
“Na minha idade, as doenças começam a aparecer e quero sensibilizar para a importância da saúde e do desporto. Por outro lado, é importante também para combater a solidão”. Além disso, estes grupos fomentam ainda a amizade que pode nascer e conectar com pessoas com a mesma condição.
O primeiro encontro está marcado para a próxima sexta-feira, 16 de maio, às 19h30. O ponto de encontro é no Parque das Lagoas. A distância será cinco quilómetros para que qualquer pessoa consiga acompanhar, independentemente da capacidade física e idade. Para participar, basta aparecer.
O plano é que o grupo organize caminhadas todas as sextas-feiras, sempre às 19h30. Pode acompanhar o projeto através das páginas de Instagram e Facebook.