No Cante Alentejano não existem canções, baladas ou serenatas, apenas modas. A palavra não se refere a roupas nem a tendências, mas sim, à designação que os homens dão às letras deste registo tradicional. Infelizmente, as modas não têm duplo sentido, já que esta arte se encontra cada vez mais abandonada.
O Grupo Coral Operário Alentejano, do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, e o Coral Lírio Roxo, da Sociedade Musical 5 de Outubro, tiveram de unir forças para superar esta crise. Pela falta de membros, as duas fações decidiram fundir-se e criar, em 2020, a União de Grupos Corais Alentejano das Paivas e Paio Pires.
Já o Grupo Coral Alentejano da Associação dos Serviços Sociais dos Trabalhadores das Autarquias do Seixal (ASSTAS) surgiu em 1983, da saudade de alguns trabalhadores pelo Alentejo. Inicialmente, o grupo era apenas composto por trabalhadores das autarquias do Seixal. Porém, com o passar do tempo, foi acolhendo outros elementos. Hoje, conta com 16 membros fixos, tendo o mais novo 50 anos e o mais velho 90. O futuro para este traço cultural parece ser cada vez mais negro, mas a autarquia do Seixal criou um plano para manter o Cante vivo e preservado.
“A Câmara Municipal lançou o desafio ao Grupo Coral Alentejano da Associação dos Serviços Sociais dos Trabalhadores das Autarquias do Seixal e à União de Grupos Corais Alentejanos das Paivas e Paio Pires, para a gravação destes dois trabalhos discográficos, de modo a divulgar o trabalho destes grupos”, diz Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal, à New in Seixal.
Os álbuns serão apresentados no dia 6 de dezembro, sexta-feira, pelas 18h30, no auditório dos Serviços Centrais da Câmara Municipal do Seixal. Este momento informal vai receber a moderação do cantor Mário Barradas, com a participação de vários nomes importante da cultura do Cante Alentejano, como João Monge, Paulo Ribeiro e Emiliano Toste.
“Também há a intenção e objetivo de valorizar esta tradição bem vincada no concelho e assinalar o décimo aniversário da elevação do cante alentejano a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO”, conclui o autarca.
O valor dos discos ainda não foi revelado, mas sabemos que será possível adquirir alguns exemplares neste evento.