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Paulo Silva: “O Festival do Maio honra o legado de luta e resistência do concelho”

O presidente da autarquia revela à NiS que a escolha dos nomes do cartaz do evento se baseou nas causas sociais que defendem.
"Achámos importante que esta edição tivesse um carácter de reivindicação", disse.

Está a chegar o tão esperado Festival do Maio. A quarta edição do evento que junta todos os seixalenses e amantes de música é já esta sexta-feira e sábado, dias 26 e 27 de maio, no Parque Urbano do Seixal. Ao palco, sobem nomes de grande relevância da música portuguesa e internacional, nomeadamente Sam the Kid, Gabriel o Pensador, Moullinex e Prétu, bem como Peaches, a artista canadiana que volta a atuar no território nacional. E a escolha destes artistas não foi ao acaso.

Em entrevista à New in Seixal, Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal, conta como seguiram fielmente o mote a que se propuseram desde o início: preservar a memória e trazer música de intervenção e protesto, abordando também as lutas atuais. Desta forma, os artistas foram selecionados a dedo pelas causas que defendem. Mas não foi apenas isso que foi pensado ao pormenor.

Também o próprio local e o valor dos bilhetes foi idealizado para promover o Seixal e a sua cultura. E não faltarão outros momentos para os seixalenses celebrararem, especialmente com a aproximação dos 50 anos do 25 de Abril, que promete uma programação especial.

Se quiser saber mais sobre o Festival do Maio, leia abaixo a entrevista do presidente do município do Seixal na íntegra.

Qual é a importância do Festival do Maio para o concelho do Seixal?
O concelho do Seixal sempre teve um legado de resistência e de luta. É uma marca identitária do nosso município. Por isso, quando pensámos em fazer um festival de música, entendemos que tinha de ter uma linguagem própria, que se identificasse com o nosso concelho. Não podia ser mais um festival, como todos os outros que existem no País. Tinha de ter algo que o diferenciasse. Daí, realizarmos o Festival do Maio, para que este legado de luta e resistência esteja presente. Acreditamos ainda que a cantiga é uma arte, por isso achámos que era importante que esta edição tivesse um carácter de reivindicação.

De que forma conseguiram colocar esse carácter de luta e resistência no cartaz?
Todos os artistas que vêm ao Festival do Maio estão ligados a causas. Quer a causas sociais, quer a políticas, ambientais, de identidade de género ou de raça. Portanto, são artistas de causas que gostamos que marquem presença.

Que causas procuravam defender quando escolheram os artistas?
Por exemplo, Peaches e Moullinex estão muito ligados à causa LGBTQIA+. Por outro lado, o Sam the Kid, o Prétu e o Gabriel o Pensador dedicam-se a temas sociais e políticos próprios do hip hop.

A escolha dos artistas deveu-se apenas às causas que defendiam ou tentaram criar um equilíbrio entre os locais, nacionais e até internacionais?
Foi muito pelas causas. Mas depois também tivemos isso em consideração, claro. O Prétu, por exemplo, é um artista do concelho do Seixal. Depois, temos artistas nacionais e internacionais. Sempre com essa mistura.

Já que menciona os artistas internacionais, um dos principais nomes do cartaz é Peaches, a artista canadiana que se estreou em Portugal, em 2016, e que, no ano passado, pisou o palco do festival Meo Kalorama. Como surgiu a oportunidade de trazê-la ao Festival do Maio?
Primeiro, fizemos-lhe o convite e ela analisou. Ela viu e gostou do tema do festival, porque tinha uma mensagem de intervenção, e chegámos a acordo para ela vir cá.

Gabriel, o Pensador no Festival de Maio
Gabriel, o Pensador é um dos artistas convidados.

Por que escolheram o Parque Urbano do Seixal para ser o palco do Festival do Maio?
O Parque Urbano do Seixal é, sem dúvida, uma montra do concelho. É um dos parques mais bonitos de toda a Área Metropolitana de Lisboa. Uma varanda sobre o Tejo e a nossa Baía, que nós queremos divulgar. É por isso que, neste local, com características únicas, fazemos este festival combinando a música com a beleza do nosso Parque Urbano.

Assim como a maioria dos eventos promovidos pelo concelho do Seixal, o Festival do Maio é de entrada livre. É uma forma de promover a cultura acessível?
Esse é um dos nossos grandes objetivos: tornar a cultura acessível a todos. Que todos possam usufruir das nossas atividades culturais. Por isso, este ano, pela primeira vez, o Festival do Maio é de entrada gratuita. Para que toda a população possa assistir a estes espetáculos e concertos e usufruir destes momentos únicos. É isso que pretendemos aqui no concelho do Seixal.

Sendo o Seixal “um concelho de Abril”, já existem planos para as celebrações dos 50 anos da Revolução?
Já estamos a pensar no espetáculo do 25 de Abril, que será anunciado em altura própria. Mas já estamos a trabalhar nisso. Quando dizemos que o Seixal é um concelho de Abril, não é por mecha, mas porque representa um marco importante para o desenvolvimento do município. Quem o conheceu antes do 25 de Abril e o conhece hoje nota a imensa transformação e evolução no desenvolvimento do concelho. Por isso, teremos grandes comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, dos 50 anos de liberdade e dos 50 anos do desenvolvimento do concelho do Seixal com exposições, concertos e muitas atividades que vão envolver uma parte significativa da população do concelho.

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