É dos eventos agendados para o mês de fevereiro mais impactantes a ter lugar no Seixal. Falamos da inauguração do Princípio do Mundo, um projeto de colaboração entre Fernando Mota e sete fotógrafos, desenvolvido em sete residências artísticas todas elas em espaços naturais. Aqui cruza-se a pesquisa sonora e musical com as artes visuais, resultando numa instalação audiovisual, num concerto e num passeio sonoro em cada um dos locais.
“No Seixal, trabalhámos com as fotógrafas Paula Lourenço e Sofia Silva, cofundadoras da Tira-Olhos — Associação de Fotografia Experimental. Durante uma semana, em setembro de 2022, recolhemos na Baía do Seixal e no sapal de Corroios os materiais naturais e os sons que deram origem às imagens e à peça sonora desta instalação. Procurámos manter o espanto no olhar e no ouvir, como se esses elementos pertencessem a um planeta que desconhecemos”, explica o curador em nota da Câmara Municipal do Seixal.
A residência artística de Fernando Mota no Seixal decorreu na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, entre setembro e novembro de 2022, e inspira-se nos cinco elementos naturais da cultura chinesa (madeira, fogo, terra, metal e água), e em igual número de elementos da cultura ayurvédica indiana (espaço, ar, fogo, água e terra).
A iniciativa contempla a criação e edição de objetos artísticos de várias naturezas e linguagens, aprofundando a pesquisa iniciada pelo artista em 2020, em plena pandemia, com o filme “7 Poemas para Um Mundo Novo”, apresentado no Moinho de Maré de Corroios e premiado posteriormente com o Prémio Melhor Direcção de Fotografia em Filme de Arte e Ensaio.
Fernando Mota desenvolve e cria instrumentos musicais e objetos sonoros a partir de árvores, rochas e outros elementos da natureza. No dia da inauguração da instalação audiovisual/exposição realiza-se também um concerto “Do Princípio do Mundo”, dirigido ao público juvenil e adulto, “que junta instrumentos musicais experimentais (criados a partir de árvores, rochas e outros materiais naturais) a um conjunto de pesquisas e técnicas que procuram gerar música e expressão sonora através da manipulação da água, da terra, do vento e de vários elementos e matérias da natureza”, refere a mesma nota.

“A forma como o artista concebe esta atividade é orientada para a fruição dos sons, independentemente da sua origem”, lê-se na nota. Fernando Mota propõe-se encontrar “a vibração, o som e a música de cada local, compondo estruturas musicais convencionais (com ritmos, melodias e harmonias), até à submersão nos sons ocultos debaixo de água, da terra ou dentro da rocha, sons que não são captados pelo ouvido humano mas apenas por equipamento de gravação especial, tais como hidrofones, geofones e microfones de contacto”. O resultado, conclui o comunicado, “é uma criação e interpretação musical e sonora do espírito do lugar e não a sua mera representação”.
Para o dia da inauguração, 4 de fevereiro, pelas 10h30, está programado, ainda, um passeio sonoro pela Quinta da Fidalga. Aberto ao público em geral e com a duração de 45 minutos, é dedicado a ouvir o meio ambiente e orientado para a fruição dos sons, independentemente da sua origem ou significado.
A inauguração realiza-se no dia 4 de fevereiro, sábado, às 15 horas, seguida de um concerto, às 16 horas, por Fernando Mota. A mostra estará patente na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, na Quinta da Fidalga, até dia 29 de abril com os seguintes horários: De terça-feira a sábado, das 10 horas às 12h30 e das 14 às 17 horas. A entrada é livre.