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“Os Simpsons” voltaram a antever o futuro. Afinal, qual é o segredo das previsões?

O fenómeno da cultura popular voltou a repetir o feito, agora com os novos óculos Vision Pro da Apple. E não faltam memes.
Mais uma previsão.

“Os Simpsons” são sinónimo de aventuras mirabolantes e histórias engraçadas desde 1989. Volvidos 35 anos sobre a estreia, o fenómeno continua a ser acompanhado por milhões em todo o mundo. Um dos muitos motivos que justificam a enorme legião de fãs da série criada por Matt Groening é a sua capacidade de prever o futuro.

A mais recente confirmação desta habilidade foi detetada num episódio transmitido em outubro de 2016. Em “Friends and Family”, assim se chama o capítulo, o multimilionário Mr. Burns cria uma família na realidade virtual (afinal, todos os seus parentes já morreram).

É num dos momentos finais do episódio que temos um vislumbre daquilo que aconteceria em fevereiro de 2024. Os habitantes de Springfield aderem todos a esta tecnologia e andam na rua com uns óculos enormes na cara, chocando contra postes e envolvendo-se noutras situações embaraçosas.

Se olharmos para o que está a acontecer nos Estados Unidos desde 3 deste mês, percebemos que existem muitas semelhanças entre a vida real e a ficção. Foi naquela data que a Apple lançou oficialmente o Vision Pro, um aparelho que se coloca na cara que é, essencialmente, um iPhone que pode ser controlado com os olhos, mãos e voz.

A promessa da empresa é que este gadget vai transformar “a maneira como as pessoas trabalham, colaboram, conectam-se, revivem memórias e desfrutam do entretenimento”, assegura Tim Cook, o diretor-geral da Apple.

E acrescenta: “É o dispositivo eletrónico de consumo mais avançado já criado. A interface tridimensional revolucionária e mágica vai redefinir a maneira como criamos e exploramos o mundo.”

Recorrendo a gestos, os utilizadores do Vision Pro podem interagir com as aplicações, tocando com os dedos para as selecionar e também podem escrever num teclado digital. Nos EUA, o aparelho custa 3,499 dólares (cerca de 3,250€). Ainda não há data de lançamento em Portugal.

Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), já se tornaram virais centenas de publicações que mostram pessoas a usar o dispositivo em público — comprovando que estamos a viver uma realidade quase distópica, tal como “Os Simpsons” nos mostraram em 2016.

O segredo por detrás das previsões

Este foi só mais um exemplo de uma lista já vasta em que a famosa série consegue prever o futuro. Em entrevista ao “New York Times”, Al Jean, que é produtor executivo e guionista na obra desde os seus primórdios, revelou como a equipa adivinha o que vai acontecer na história da humanidade.

“Os episódios são feitos com um ano de antecedência. Basicamente pensamos em como vai ser o mundo volvidos 365 dias”, explica. Há outro fator que importa muito: a formação de base daqueles que trabalham no fenómeno da cultura pop.

William Irwin, que escreveu o livro “The Simpsons and Philosophy”, contou à mesma publicação que quem manda na obra são os guionistas, e não os atores. Estes profissionais são escolhidos a dedo.

“A equipa consiste de criativos com muita formação em áreas como matemática e ciências sociais. Graças a isto, estão sempre na vanguarda de todos os acontecimentos da sociedade. Quando pessoas tão inteligentes produzem um programa de televisão, é natural que consigam prever muitas coisas”, comenta.

Também há força nos números, uma frase muito clichê, mas que se aplica perfeitamente à série com cerca de 760 capítulos. “Quando se tem uma oferta tão vasta, é muito provável que um momento mais bizarro se concretize”, acrescenta.

Esta teoria é apoiada por Al Jean. Segundo o que contou em 2021 à “NME”, “se escrevermos 700 episódios e não acertarmos em nada, então somos péssimos. Se atirarmos setas suficientes, vamos acabar por acertar no alvo”.

Mesmo assim, há algumas previsões que o assustam até hoje. Uma delas é o facto d'”Os Simpsons” terem um episódio de 1996 com referência ao 11 de setembro de 2001. Naquele capítulo, vemos a capa de um jornal onde está a paisagem de Nova Iorque e, ao lado das Torres Gémeas, vemos “9$” (ou seja, nove dólares, o preço da publicação). Quando se juntam, formam “9/11”, a fatídica data. “Foi uma coincidência muito louca”, confessou ao mesmo site.

 

 

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