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O “bookstagram” é um fenómeno no mundo digital — e já chegou ao Seixal

Amyla e Talita partilham a sua paixão por livros através de dicas literárias, textos de opinião, imagens e vídeos apelativos.
Os livros são o foco desta comunidade digital.

O que é, afinal, o “bookstagram”? Para quem não está familiarizado com o conceito, trata-se de uma comunidade literária digital que, através do Instagram, não só promove hábitos de leitura em novos leitores, como prende aqueles que já são apaixonados pelo universo dos livros no scroll graças às imagens partilhadas pelos criadores de conteúdo. Na rede social, a hashtag já conta com mais de 72 milhões de publicações.  

Entre as muitas pessoas que se renderam ao fenómeno, estão duas amigas que já fazem sucesso com a sua página de Instagram. Amyla Lima tem 21 anos, vive no Seixal e, segundo a própria, é uma aventureira — muitas destas aventuras vividas dentro dos livros. No entanto, não se lançou sozinha neste projeto e divide-o com Talita Lima — só assim fez sentido para ambas.

“Conhecemo-nos em 2017 num grupo de mulheres que gostam de desporto e, a partir daí, percebemos que tínhamos vários interesses em comum. O amor por livros foi mais recente”, conta Amyla. Contudo, as duas ainda não se conheceram pessoalmente, já que Talita se encontra no Brasil.

Com o hábito de falarem sobre as suas leituras a fazer parte da rotina, incentivavam-se uma à outra a criar uma conta no “bookstagram” até que se fez luz e decidiram realizá-lo em conjunto. “A ideia foi criar um cantinho para partilhar as leituras, criar contacto com mais pessoas que compartilham esse amor e ter um lugar para nos distrair no meio de um mundo caótico”, sublinha Amyla. Em janeiro de 2022, as duas amigas começaram a postar na página.

Esta trend tornou-se uma ferramenta de marketing usada pelas indústrias livreiras e foi assim que Amyla desenvolveu a sua ligação à comunidade, através das páginas de Instagram das editoras. Talita, por sua vez, começou primeiro na rede social vizinha, o Tik Tok, e só depois descobriu todo o engajamento existente na comunidade do Instagram.

“Os perfis de ‘bookstagram’ cresceram rapidamente espalhando conteúdos de todos os tipos e incentivando à leitura. A comunidade apoia-se e compartilha opiniões quase como um grande clube do livro”, acrescentam. É, aliás, o que as duas têm feito através da partilha das leituras e textos de opinião. No entanto, querem também apostar na parte audiovisual e na interação com o público que tem vindo a aumentar de forma estonteante contando já com mais de 6.000 seguidores.

Obras clássicas são um dos géneros literários lidos por Amyla e Talita.

Sobre o processo de estruturar a opinião de um livro, que passa não só pelos romances, mas por obras de fantasia, clássicos e thrillers, é algo muito pessoal. O objetivo é tentar mostrar os pontos principais da narrativa, colocando na balança “as coisas que desagradaram para poder medir o quanto o livro mexeu, num todo, com os nossos sentimentos. É algo de leitor para leitor, como uma indicação de amigo”.

O Instagram é, apesar de tudo, um espaço destinado à partilha de imagens e a componente visual tem que estar sempre presente neste universo. Amyla explica que nenhuma das duas era boa com a área da fotografia, mas tentam deixar as imagens com uma estética o mais harmoniosa possível, sempre com a ajuda uma da outra. “É algo que implica tempo e paciência, mas é a fazer constantemente que se aprimora”, conclui.

É graças a este trabalho, desde que começaram a publicar na conta, que têm recebido inúmeras mensagens de apoio e de encorajamento. Uma grande porção dos seguidores são brasileiros, mas o número de portugueses interessados na página continua a aumentar dia após dia. O objetivo é, portanto, alcançar o máximo de pessoas das comunidades brasileiras e portuguesas do “bookstagram”, feito que estão a conseguir.

Ainda numa fase muito inicial, os objetivos para a página passam por não perder o hábito de leitura, compartilhar todos os aspetos positivos que um livro traz consigo e descobrir novas obras e novos autores. “Quem sabe, no meio do processo, descobrimos mais de nós mesmos também”, remata Amyla.

As fotografias têm atenção aos detalhes visuais.

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