Carlos Dante não tem medo de admitir que o primeiro episódio de “Vizinhos Para Sempre” é o mais “fraquinho” da série. É nele que são apresentadas as personagens, a passo que partir do segundo episódio “para cima é sempre a subir com situações realmente inusitadas”, conta à NiT o realizador da nova colaboração entre a Prime Video e a TVI, que estreia na estação e na plataforma de streaming este sábado, 18 de janeiro.
A produção portuguesa conta a história do dia a dia de uma comunidade de vizinhos do condomínio Terraços do Glamour, nos arredores de Lisboa. Para explorar as dificuldades de habitação em Portugal, o promotor prometeu oferecer caraterísticas que o condomínio efetivamente não tem, o que deixa os moradores entregues a apartamentos defeituosos, intercomunicadores que não funcionam e paredes tão finas que eliminam qualquer pretensão à privacidade. “Há problemas por todo o lado. Também não há luz e foi construído num sítio proibido”, descreve o cineasta natural da Argentina mas que já trabalha em Portugal há 17 anos.
“Vizinhos Para Sempre” é descrita como sendo uma série de comédia, mas também guarda uma “grande crítica à sociedade”. Aborda, principalmente, o “egoísmo social”, em que cada um se tenta salvar a si próprio, sem qualquer preocupação com quem está à sua volta.
Carlos chegou até ao papel graças a um convite de Gabriela Sobral, diretora de conteúdos e produção da Plural. Esta não é a primeira vez que trabalha ao lado da Prime Video e da TVI — também foi o realizador de “Tony”, minissérie sobre a vida e carreira de Tony Carreira.
“A Gabi achava que eu era a pessoa ideal para o trabalho”, explica. Ao longo de aproximadamente sete meses, colaborou com Henrique Dias, o guionista que teve o “maior desafio de todos”. Afinal, “Vizinhos Para Sempre” é um remake de “La Que Se Avecina”, uma série espanhola que já tem 15 temporadas e onde os episódios têm entre 70 e 90 minutos. Em Portugal, cada capítulo tem cerca de meia hora. “Trabalhávamos todos os dias para tirar todo o sumo possível”, reforça.
Outro trabalho do argumentista foi adaptar à realidade portuguesa os episódios caricatos que as personagens vivem na versão espanhola. “As situações são bastante semelhantes, mas adaptadas à nossa sociedade e cultura. O nosso humor também é diferente”, descreve Carlos.
Carlos nunca tinha visto a produção original até receber o convite. “Foi um extenso trabalho de pesquisa” que foi recompensado. “Gosto de fazer comédia e é um trabalho que não me aparece muito em Portugal”, conta o argentino que faz principalmente telenovelas.
O timing curto foi outro obstáculo para toda a equipa, que teve apenas seis semanas e meia para concluir as gravações. Este é o tempo normal de filmagens para uma produção em Portugal, mas a comédia precisa mais “de ensaio e erro para ver o que corre bem e o que corre mal”. “Por questões orçamentais, não tivemos esse tempo. A maior dificuldade foi tentar encaixar tudo nestes 20 episódios e explorar ao máximo o humor.”
O que podia ser desanimador para uns, não o foi para Carlos, que está imensamente orgulhoso do trabalho que fez — e que só foi possível graças ao elenco de atores. “Se não tivéssemos esta equipa, seria muito difícil. O trabalho foi exaustivo, mas todos os atores perceberam a comédia que queríamos fazer. Não é só palhaçada e pancadaria. Aqui as piadas vêm das próprias situações engraçadas”, assegura.
A escolha dos atores foi um trabalho em conjunto com Henrique Dias, Gabriela Sobral e com os produtores. Os criativos faziam várias reuniões de brainstorming e imaginavam os atores em cada papel até chegarem às escolhas que fariam mais sentido. “Encaixaram todos perfeitamente e estavam todos entusiasmados para fazer comédia, um género que já conheciam.”
Alexandra Lencastre, Diana Nicolau, Dinarte Branco, Diogo Morgado, Diogo Valsassina, Manuel Cavaco e Paula Neves são apenas alguns dos membros da equipa. “Conseguiram moldar as personagens de forma perfeita apenas com a leitura de um curto perfil”, destaca.
Carlos Dante acredita que esta é a comédia de que Portugal precisa e que se vai diferenciar de todos os projetos dentro do género que já existem no País porque, lá está, não é a “comédia típica da estalada e do palhaço”. “Focámos mais em situações engraçadas que as pessoas comuns também podem viver. Também dizem coisas mais cómicas, mas de uma forma série e isso vai levantar muitos risos. É assim que se deve fazer a comédia.”
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