A tradição do taiko japonês começou com o objetivo de realizar comunicações de ação militar. No entanto, depois do conflito, passou a ser usada pelo povo do Oriente, do ponto de vista religioso e cultural. Agora, está ligada a uma filosofia de vida e a um mundo pacífico.
O taiko, em bom português, é a arte de tocar tambores japoneses. Com certeza que já viu, em algum momento da sua vida, este estilo musical, seja em filmes, séries, ou até na mítica abertura dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. Esta tradição, profundamente enraizada na cultura japonesa, chegou ao Seixal, através da abertura de uma escola de taiko em Corroios este mês de setembro.
A culpa é de Kaori Shiozawa, de 52 anos, natural de Chiba, uma cidade ao lado de Tóquio. Desde os três anos que a mãe a incentivou a tocar piano e outros instrumentos. Assim, a artista seguiu os conselhos maternos e sempre esteve ligada ao mundo da música. Em 1996, licenciou-se em Música pela Musashino Academia Musical e especializou-se em instrumentos de sopro, com um foco especial na flauta.
“Depois de me formar, decidi que estava na altura de ensinar e partilhar esta arte com outras pessoas. Para isso, fui para Harare, em África, como voluntária para a Mabelreing Girls High School. Quando regressei ao Japão, quis estudar a música tradicional japonesa e comecei a aprender taiko. Após dez anos de estudos, uma escola no Brasil estava à procura de um professor de taiko do Japão e convidou-me”, revela Kaori à New in Seixal.
Aceitou o desafio e, em 2014, estava num avião em direção ao continente sul americano. Deu as primeiras aulas no Colégio Harmonia, em São Paulo, e adorou a sensação de passar os seus traços culturais a outro povo. Realizou várias atuações e foi professora no Brasil durante oito anos. Estava bastante satisfeita, mas o seu sonho era levar a cultura do taiko para a Europa.
Como estava familiarizada com o português, a escolha foi fácil. Em outubro de 2022, apanhou um voo direto para Lisboa e, passado um ano, abriu a primeira escola de taiko de Portugal na Fábrica Braço de Prata, na capital portuguesa. Agora, em setembro de 2024, a japonesa vai abrir o segundo dojo de Portugal no ginásio Clube de Corroios.
“O meu taiko é o único dojo em Portugal, por isso, somos frequentemente convidados para eventos de várias empresas, embaixadas e também cerimónias organizadas pela Câmara Municipal de Lisboa. Estou muito entusiasmada com a forma como o dojo se vai desenvolver no futuro, em Corroios. Quanto à minha escola em Lisboa, aberta desde o ano passado, considero que o que a distingue é a diversidade de nacionalidades que reúne. A visão que tenho de um mundo pacífico, onde idade, nacionalidade ou género não importam, concretiza-se quando todos convivem e coabitam através do taiko. O dojo é um lugar onde as pessoas podem encontrar o seu caminho na vida”, conclui.
O próprio termo japonês “dojo” significa “lugar onde se abre o caminho”, onde cada pessoa que frequenta a escola, seja para aprender judo, karaté ou qualquer outra prática, também se descobre e constrói a sua vida. Nesse sentido, Kaori pretende, ao longo do tempo, transmitir a cultura e a inovação do Japão aos portugueses e seixalenses.
A inauguração da escola acontece este sábado, 28 de setembro, com a aula de abertura a decorrer entre as 14 horas e as 15h30 no Ginásio Clube de Corroios, por 20€ por pessoa. A partir de outubro, as aulas de taiko vão decorrer todas as quartas-feiras, das 18h30 às 20 horas, e terão um custo mensal de 60€ por quatro aulas, ou 20€ por cada aula avulso.
Ver esta publicação no Instagram