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Jüra: a artista do Seixal que promete ser o novo fenómeno da música pop nacional

Joana nasceu na região centro, mas foi viver para o Seixal há dois anos. Vai apresentar o seu primeiro EP "jüradamor" em maio.
A música é a sua grande paixão.

Chama-se Joana Silva, mas desde os tempos da escola que ficou conhecida primeiro por Juka e depois por Jüra. A jovem artista tem 23 anos, nasceu em Coimbra e cresceu na cidade de Alcobaça. Daí partiu à descoberta de si mesma e do seu sonho, acabando por escolher Lisboa para viver. Não contente, há cerca de dois anos encontrou no Seixal o lugar calmo que tanto procurava. Hoje esta cidade é, como a de tantos outros artistas nacionais, a sua morada.

“Vim para o Seixal porque quando fui para Lisboa morei mesmo na Costa do Castelo e era muito confuso e barulhento. Estava à procura de um sítio sossegado, perto de Lisboa também e o Seixal foi a escolha perfeita. Estou cá há dois anos e adoro o concelho. Sinto-me bem e sou muito bem recebida. Gosto muito das pessoas e das iniciativas que o concelho promove”, começa por contar à NiS a jovem artista.

Depois de ter feito o nono ano no Ensino Articulado de Dança, que é o equivalente ao Conservatório Nacional, a jovem começou a tentar perceber quais eram os planos que queria seguir para o seu futuro. Sabia que toda a vida tinha cantado, mas também reconhecia que era apaixonada por outras áreas do mundo das artes. Por tudo isso, em 2015 encontrou a solução para os seus dilemas no Chapitô.

Na altura, fez as malas, chegou a Lisboa, entrou no Chapitô e começou o seu percurso. Fez teatro, dança e até circo, mas o “bichinho” pela música, pelo canto e pela composição não a largava de forma nenhuma. Por exemplo, nas aulas de Português, Jüra confessa à NiS que já compunha canções sem saber, reforçando o facto de a escrita ser já há várias anos uma das suas paixões. Agora, concilia estas duas formas de arte e faz disso a sua carreira.

“Acho que nasceu mesmo comigo. Às vezes digo na brincadeira que é um dom, mas é uma responsabilidade. É quase como se não tivesse escolha. Primeiro, é a maneira como me expresso mais facilmente e às vezes as minhas canções nascem e estou a ouvir o que estou a dizer. É quase como se percebesse o que sinto à medida que vou fazendo as minhas canções”, explica à NiS.

A par disso, a cantora e compositora fez questão de partilhar uma das histórias que diz fazer parte da sua vida desde sempre. “O meu pai adora andar de mota e eu desde os dois anos que andava com ele. Quando o fazia, como a mota fazia muito barulho, começava a cantarolar. É mesmo a ausência do barulho do mundo e a criação de som. E ainda hoje é assim. Meto o capacete e, como há tanto barulho, isolo-me dentro daquele cubículo e a voz ecoa dentro do capacete. É quase como um refúgio”, afirma.

O processo de criação e as composições de Jüra

Todas as músicas da artista são da sua autoria. Como disse à NiS, encara as suas criações “como uma expressão muito pessoal e não como um produto”. Graças a isso, todas as canções giram à volta do amor, da paixão, da desilusão entre outros sentimentos mais intensos.

“Por exemplo, há uns tempos apareceu-me esta frase: ‘nasci e cresci com uma dor no peito chamada amor’ e isso aconteceu porque sempre vivi com esta dualidade do amor e da dor. O amor provoca a dor, mas também cura a dor. E do que vai dentro de mim nascem depois as músicas que canto”, diz.

Quanto a ritmos, inicialmente Jüra fazia canções a partir de beats da Internet, depois chegou a produzir com os beats do namorado e só depois ganhou o gosto pelo hip hop. “Sempre me atraiu muito a questão do boom bap, da batida.” No entanto, as melodias das suas composições, as harmonias e até mesmo a própria melodia da voz de Jüra seguem um caminho diferente: o do pop, r&b e soul.

Em 2020, a artista lançou o tema “És o amor”. Esta foi uma canção que escreveu para a avó e que tinha sido criada exatamente na altura em que decidiu começar a gravar músicas. “Fazia canções em casa mais por brincadeira, mas não sabia o que era ir a um estúdio gravar uma canção e esta foi a primeira”, revela.

Depois disso, lançou em 2021 o tema “Somozumnãodois”. Este já foi num formato bem mais sério e até teve direito a videoclipe. Este ano, as ambições da artista falaram mais alto e, em janeiro, deu a conhecer ao mundo o single “Diz-me” que marca a estreia do seu EP chamado “jüradamor”.

Este projeto junta várias canções que a artista tem vindo a escrever ao longo dos últimos anos. “Foram dias em que me sentei e elas nasceram”, conta. No entanto, até maio poderão estar a caminho mais surpresas em relação ao EP.

O concerto de apresentação do EP “jüradamor”

A grande estreia do EP de Jüra está marcada para o dia 19 de maio, quinta-feira, na Time Out. Os bilhetes já estão à venda online. Esta será também a primeira vez que a artista residente no Seixal irá subir aos palcos como intérprete das suas próprias canções. 

“Desta vez é diferente, já subi a muitos palcos nas áreas da dança, no circo, mas nunca na música. Vou estar mais vulnerável, porque vou expor o que sinto e a verdade. Será um momento onde vou ser muito eu. Vou estar muito exposta, mas estou muito feliz porque não poderia ser mais verdade. Não poderia ser, dentro da tristeza do que escrevo, mais bonito — porque também há beleza na tristeza”, resume.

No futuro, a jovem artista espera fazer cada vez mais concertos e continuar a trazer músicas para o seu público. “Sempre soube que era a música, mas gostei muito de fazer todo este percurso. Encontrei a minha forma de expressão através do corpo no Chapitô e depois fui-me descobrindo como pessoa ao longo do tempo, o que fez com que agora me sentisse mesmo plena”, rematou.

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