“Irreversível” ainda não tinha estreado e já fazia sucesso. A 7 de abril do ano passado, fez parte da Seleção Oficial do MIPDrama, um festival em Cannes. O júri considerou-a como uma das dez novas séries dramáticas mais esperadas de 2024. A produção estreou finalmente na RTP1 a 14 de outubro e provou que os jurados não estavam errados. Agora, mais uma distinção: foi a grande vencedora do Prémio NiT na categoria de Melhor Produção de Ficção Nacional, onde obteve 27,41 por cento dos votos.
“É um motivo de orgulho poder receber este prémio e é, acima de tudo, uma motivação para continuar a apostar em séries e filmes que tenham fatores diferenciais”, diz Bruno Gascon, o realizador do projeto, à NiT. “Fico muito lisonjeado.”
O cineasta descreve “Irreversível” como uma série portuguesa com um apelo global. Para a obra, inspirou-se nos grandes êxitos do streaming, mas sempre com um cunho português que as pessoas conseguissem reconhecer imediatamente. “É uma história complexa na qual andam à procura de um assassino, mas também fala de temas como o bullying e a depressão. Era esta junção que fazia com que os espectadores se sentissem mais interessados a cada episódios que passava”, realça o realizador.
Inicialmente, imaginou a produção como uma minissérie, mas uma segunda temporada não é uma opção que tenha sido totalmente descartada. Na verdade, o Bruno Gascon confessa que o último capítulo não teve “um fecho em específico”. “Eventualmente poderei pensar numa continuação.”
Enquanto isso não acontece, o cineasta não vai estar parado. Atualmente, está a trabalhar em dois projetos em simultâneo. O primeiro, já conhecido, é a adaptação de “Águas Passadas”, livro bestseller de João Tordo. As gravações deverão arrancar no final de 2025 ou início de 2026.
Outra produção sobre a qual não pode falar muito, passa-se quase inteiramente num único local e vai abordar temas estruturantes da sociedade. Apesar de também ter um detetive, “é algo diferente de ‘Irreversível’ e ‘Águas Passadas’. “É um pouco mais leve e retrata a forma como as famílias em Portugal se tratam.”
Uma série inspirada nos thrillers nórdicos
“Irreversível” é o primeiro thriller de Bruno Gascon, um género que sempre o fascinou, sendo ele um confesso admirador da abordagem nórdica. “A minha inspiração veio daí, mas quis adaptá-lo à realidade portuguesa, com temas portugueses.”
A narrativa segue Júlia Mendes, uma psicóloga atormentada, e Pedro Sousa, um inspetor determinado, que se juntam para desvendar o brutal homicídio de uma jovem numa cidade costeira. À medida que investigam o crime, ambos enfrentam os seus próprios demónios e tentam preservar as suas vidas intactas.
“Numa cidade onde todos escondem algo e estão dispostos a tudo para proteger os seus entes queridos, a busca pela verdade pode custar mais do que Júlia imagina, já que a partir do momento em que os segredos do passado são revelados, tudo se torna irreversível. Será que o amor justifica tudo?”, lê-se na sinopse.
O elenco é composto por Margarida Vila-Nova, Rafael Morais, Helena Caldeira, Ana Cristina de Oliveira, Pedro Languinha, Soraia Chaves, Paula de Magalhães e Afonso Lagarto. Ao contrário do que aconteceu nos trabalhos anteriores de Bruno Gascon, os atores foram escolhidos após o guião estar concluído.
O argumento levou cerca de um ano a ser concluído e o principal objetivo sempre foi elaborar uma história em que o assassino não fosse facilmente previsível. “‘Irreversível’ tem muitas reviravoltas, pistas corretas e incorretas.” O clímax da trama só começa a despontar no penúltimo episódio.
A série conta com seis episódios, o que, segundo Bruno, foi uma grande vantagem. O realizador costuma trabalhar em filmes e, neste formato, teve a oportunidade de aprofundar o passado e as personalidades das personagens.
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