É oficial: a quarta edição do Festival do Maio vai mesmo voltar a acontecer. Este mega evento, que junta num único cartaz grandes nomes da música nacional e internacional, decorre já nos dias 26 e 27 de maio, no Parque Urbano do Seixal.

A programação assenta em dois polos fundamentais: a preservação da memória, trazendo a palco o legado histórico da música de intervenção e protesto, bem como as lutas atuais. Dará ainda voz a novos artistas e a novos géneros musicais.

“No Seixal, terra conhecida pelas muitas lutas políticas do passado, primamos pela qualidade e originalidade, dando voz a este evento único no País. Numa altura em que assistimos ao avanço dos populismos e das derivas autoritárias, (…) torna-se urgente intervir, informar e acordar consciências. E a música tem um papel fundamental. Neste sentido, a Câmara do Seixal dá continuidade a um legado de resistência e de luta que é marca identitária das gentes e da história do concelho”, nota Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal.

Ao longo de duas noites, os concertos terão, então, como objetivo fomentar propostas artísticas que tenham como elemento central do seu discurso a intervenção: desde a política à crítica social, do ativismo ambiental às lutas contra a discriminação de raça e género, passando pelas questões relacionadas com a defesa das identidades culturais e dos direitos à autodeterminação. 

No programa já está confirmada, no dia 26 de maio, sexta-feira, a atuação de Peaches. Vinda do Canadá, a ativista dos direitos LGBT é considerada uma figura de proa do movimento Eletroclash do início dos anos 2000. O seu espetáculo foi já apresentado em diversos países da Europa, nos Estados Unidos da América, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Em Portugal, Peaches passou em 2017 pelo Festival Nos Alive e mais recentemente pelo novo Festival Kalorama (em Lisboa, em setembro de 2022).

No mesmo dia atua também Moullinex, o alter ego do produtor português, DJ e multi instrumentista Luís Clara Gomes. “Da ciência à arte, da espontaneidade ao formalismo, do orgânico ao artificial, do isolamento à comunidade, Moullinex prospera em interceções. É nelas que cria música que tanto vive dentro dos limites da pista de dança, como permite introspeção ao ser escutada na intimidade dos headphones”, explica a organização.

Ainda no dia 26, o programa conta com a atuação de Prétu Chullage, rapper, dizedor, produtor e sound designer de origem cabo-verdiana e criado na Margem Sul de Lisboa (Seixal). Tem três álbuns editados (“Rapresálias”, 2001, “Rapensar”, 2004 e “Rapressão”, 2012) e várias colaborações com outros músicos. Prétu é o mais recente projeto, um trabalho com base nas suas referências africanas e eletrónicas onde expressa o seu pensamento sobre o colonialismo, o pan-africanismo e o contexto político de África e da sua diáspora.

No dia 27, o cartaz é composto por Gabriel o Pensador (Brasil) e Sam The Kid com Orelha Negra e Orquestra. “Pioneiro do movimento hip hop no Brasil, Gabriel o Pensador mostra no espetáculo que celebra os seus 25 anos de carreira que é muito mais do que rapper: é compositor, músico, contador de histórias e, acima de tudo, um comunicador”, dizem os porta-vozes do evento. 

No repertório está o novo sucesso “Tô feliz (matei o presidente 2)” e clássicos como “Retrato de um Playboy” (1993), “2345meia78” e “Cachimbo da paz” (1997), “Astronauta” (1999) e “Até Quando” (2001); além de canções do seu último trabalho “Sem Crise”.

Já Sam The Kid está de volta aos concertos em nome próprio apresentando-se ao lado da sua banda de sempre, os Orelha Negra (Fred Ferreira, Francisco Rebelo, João Gomes e DJ Cruzfader). Conta ainda com uma orquestra de 24 elementos lideradas pelo maestro Pedro Moreira. Tal como aconteceu nas edições anteriores, vão estar a passar entre os intervalos dos concertos alguns vídeo-poemas onde surgem vários convidados a interpretar poemas interventivos. 

O facto de no cartaz surgirem alguns nomes estrangeiros vem ao encontro de um dos principais objetivos do Festival do Maio: “representar, tanto quanto possível, uma variedade de conteúdos e formas musicais que vá ao encontro de uma audiência diversificada”. Esta é uma iniciativa da Câmara Municipal do Seixal, com direcção artística de Luís Varatojo.

Todos os espetáculos têm entrada gratuita. A abertura do recinto acontece às 19 horas e o início dos concertos às 21 horas. O espaço terá também zona de street food. As entradas e saídas do recinto poderão ser feitas pela porta da Mundet (junto ao rio) e pela entrada do Parque Urbano do Seixal junto ao Estádio Municipal do Bravo.