O desentendimento entre os atores protagonistas Charlize Theron e Tom Hardy nas filmagens de “Mad Max: A Estrada da Morte” tornou-se conhecido do grande público há vários anos. Contudo, isso não impediu o sucesso do filme de George Miller, tanto junto do público como da crítica. No total, foi nomeado para 10 Óscares.
Num novo livro que conta a história dos bastidores da produção, intitulado “Blood, Sweat & Chrome” e citado pela revista “Vanity Fair”, são revelados mais detalhes sobre a tensão que houve no set de gravações.
“Era como se fossemos um pai e uma mãe nos bancos da frente do carro. Ou estávamos a discutir ou num silêncio tenso — não sei qual dos dois era pior — e eles tinham de lidar com aquilo. Foi horrível! Não devíamos ter feito aquilo, deveríamos ter sido melhores. Posso assumir isso”, diz Charlize Theron.
Os atores já falaram sobre o assunto várias vezes nos últimos anos. As condições exigentes de trabalho e a falta de confiança no outro foram dois dos fatores mais citados para provocar a desavença. Mas “Blood, Sweat & Chrome” aborda um momento específico que fez escalar a situação.
“Recordo-me vividamente desse dia”, diz no livro o operador de câmara Mark Goellnicht. “A hora marcada para chegar ao set era às oito da manhã. A Charlize chegou à hora certa, sentou-se no veículo de guerra, sabendo que o Tom nunca iria chegar lá às oito mesmo que lhe tivessem feito um pedido especial para que aparecesse a horas. Ele era conhecido por nunca chegar a horas de manhã. Se fosse de manhã, esqueçam — ele não aparecia.”
O assistente Ricky Schamburg acrescenta: “Se isso era algum tipo de jogada de poder, não sei, mas parecia provocador de forma deliberada. Ele meio que sabia que aquilo irritava a Charlize, porque ela tem um grande profissionalismo e aparecia muito cedo.”
Tom Hardy acabou por aparecer naquele dia, mas três horas atrasado. Charlize Theron estava no veículo de guerra, já completamente caracterizada com maquilhagem e figurino. Quando o colega apareceu, a atriz passou-se com ele.
“Ela salta do veículo e começa a insultá-lo, a dizer coisas como ‘multem o cabrão com 100 mil dólares por cada minuto que fez esta equipa esperar’ e ‘és tão desrespeitoso’. Tinha razão e estava furiosa. Gritou alto, mas havia muito barulho e vento — ele deve ter ouvido algumas partes, chegou ao pé dela e disse ‘o que é que disseste?’”, conta Goellnicht. “Ele foi bastante agressivo. Ela sentiu-se realmente ameaçada, e esse foi o ponto de viragem.”
Depois deste confronto, Charlize Theron pediu à produtora Denise Di Novi que se aproximasse daquele local do set — no deserto da Namíbia. “Chegou a um ponto em que a situação estava um bocado fora de controlo, e havia a sensação de que enviar uma mulher produtora poderia igualar um bocado as coisas, porque não me sentia segura”, explicou Theron. “Isso fez-me respirar um pouco.”
“Em retrospetiva, fui demasiado intenso, de muitas formas”, disse Tom Hardy. “A pressão sobre nós era avassaladora. Ela precisava era de um parceiro melhor e talvez mais experiente. Gosto de pensar que, agora que sou mais velho e feio, poderia corresponder a essa expectativa.”
O novo livro, “Blood, Sweat & Chrome”, pode ser comprado online pelo equivalente a 22,99€, sem portes de envio.