Foi em 1992 no Concurso de Música Moderna, no Seixal, que os Alcoolémia aparecerem pela primeira vez. Este ano, depois de muitos concertos, participações em concursos, gravações de discos e de músicas e incontáveis aventuras, a banda prepara-se para celebrar o seu 30.º aniversário. A propósito desta data, a New in Seixal falou com Manelito, o músico fundador dos Alcoolémia.
“Começámos como uma banda de amigos de rua que tinham em comum a paixão pela música. Eu como mais velho da banda era o único que trabalhava. Estamos a falar dos inícios dos anos 90. Estava rodeado de ajudantes e dei o meu apoio na aquisição de material para todos os elementos. Material em segunda mão, claro, uma vez que instrumentos novos eram caros e queríamos começar a tocar em conjunto e a compor algumas músicas o mais rapidamente possível”, começa por explicar o músico.
A verdade é que em pouco tempo o grupo acabou por alugar um espaço e aí deram os primeiros passos. Na altura, depois de uma tentativa falhada com o primeiro baterista, o músico Hugo Fernandes largou a guitarra e ficou a cargo da percussão. Depois, João Miranda conquistou o lugar da guitarra de solo e Pedro Guerreiro o do baixo. Manelito ficou responsável por tocar a pauta da guitarra rítmica e na voz brilhava o vocalista Jorge Miranda.
Com estes elementos, os Alcoolémia aventuraram-se a tocar ao vivo e participaram em vários concursos de música moderna, sendo que conquistaram o primeiro lugar em alguns deles. Em 1995, com a ajuda do produtor João Martins, gravaram o primeiro álbum “Não sei se mereço”. Foi com ele que entraram com o pé direito no panorama de música nacional.
“O tema principal do disco, que recebeu o mesmo nome ‘Não sei se mereço’, lançou-nos para outro patamar: o do sucesso. O álbum foi disco de prata por vendas superiores a dez mil unidades. Foi o tema que, de longe, agradou a mais público. Aliás, foi o mais incluído em coletâneas e ainda hoje é o nosso maior hit. Passa em muitas rádios e, na verdade, quando se fala em Alcoolémia, associa-se logo o ‘Não sei se mereço’. É inevitável”, partilha o músico.
Ao todo, o grupo musical conta já com oito álbuns, com temas presentes em diversas coletâneas. Entre eles estão o “Não há tretas”, lançado em 1997; o “Até onde”, em 1998; o “Alcoolémia”, em 2007; o “Palma da mão”, em 2014; e o “Alcoolémia XXV Anos”, em 2017. Com estes e outros originais, a banda seixalense percorreu o País e está prestes a atingir a marca dos 1000 espetáculos.
No que toca ao estilo musical, os Alcoolémia são conhecidos pelo seu lado mais rockeiro. Ainda assim, o estilo vai dependendo da música e variando de tema para tema. No já vasto universo de sons tocados, há uns mais virados para o pop, outros para o rock, punk rock e existem outros que exploram o grunge, um subgénero do rock alternativo. “Esta versatilidade foi o que acabou por nos distinguir de muitas bandas que se prendem somente a um único estilo musical”, confessa Manelito.
Quem são hoje os Alcoolémia?
Depois de algumas mudanças, atualmente a banda seixalense é composta pelo guitarra solo Pedro Madeira, de 40 anos; o baixista Bruno Paiva, de 40 anos; o baterista Márcio Monteiro e o guitarra rítmica e mais velho da casa Manelito. Quanto ao lugar do vocalista, este ano trouxe novidades.
Entre todos impera uma “grande amizade”. Pelo menos é assim que o descreve Manelito. É, aliás, essa ligação que diz ser o segredo para o sucesso do projeto musical. Todos os músicos atuais dos Alcoolémia vestem a camisola e acreditam que podem, todos os dias, seguir em frente e ter mais ambições para o grupo no universo da música em Portugal. “Queremos levar a marca Alcoolémia a cada vez mais pessoas e, se possível, com mais qualidade em todas as vertentes”, aponta ainda Manelito.
A celebração dos 30 anos de carreira, o novo álbum e o concerto no Seixal
“Superação, resiliência e adaptação”: estes são, na opinião do responsável pela guitarra rítmica dos Alcoolémia, as palavras-chave que descrevem estes 30 anos de carreira. “Não é fácil para qualquer banda chegar até aqui. E nós estamos prestes a pertencer a esse clube restrito. Vimos bandas com maior projeção a ficar pelo caminho ao longo dos anos e nós, com muita vontade de fazer mais e melhor, estamos aqui. É sempre a aprender. Cair, levantar logo de seguida e voltar a tentar”, disse.
Foi em mais uma dessas alavancagens do grupo que nasceu o mais recente e oitavo álbum dos Alcoolémia. Chama-se “Já não há gente boa”, tem 11 temas originais e está disponível nas plataformas digitais desde o dia 1 de abril. O projeto, produzido e masterizado pelo guitarrista da banda, Pedro Madeira foi gravado durante a pandemia no Rockstudio, no Feijó, no concelho de Almada. O primeiro single, “Ser humano” conta com a participação especial da cantora Lara Afonso e o videoclip já está disponível no YouTube.
Além disso, este álbum marca a despedida do vocalista que tinha dado a sua voz ao projeto dos Alcoolémia desde 2008, quando entrou para substituir o cantor Jorge Miranda. Para o seu lugar, ainda sem sabermos nomes, chega uma nova figura que, segundo Manelito, “dispensa apresentações”. O novo membro será dado a conhecer ao público já no próximo dia 21 de abril, quinta-feira, no concerto da banda no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal.
“Este espetáculo no Auditório não é para celebrar os 30 anos, uma vez que só em agosto é que podemos festejar. E como celebrar antes do tempo pode dar azar, queremos evitar a todo o custo. Podemos adiantar que também não vai ser uma apresentação do disco novo. Em vez disso vamos fazer um espetáculo muito especial com apresentação do novo vocalista para todos os presentes, inclusive para os restantes elementos da banda”, avança.
Os bilhetes para o espetáculo já se encontram à venda nos locais habituais. Para o público em geral, o ingresso custa 6€ e pode ser comprado online. Jovens até aos 25 anos, reformados e funcionários das autarquias do Seixal pagam metade do valor. Mas atenção: o desconto apenas é válido para os bilhetes adquiridos fisicamente na bilheteira do Fórum Cultural do Seixal.