Quão longe poderá a moda chegar? Esta é uma questão que se repete quando surge uma tendência que deixa muitas pessoas incrédulas e a que muitas outras aderem sem pestanejar. Porém, nem todas as modas, normalmente associadas a uma população jovem, reinventam a roda. Olha-se para o passado e assiste-se ao ressurgir de visuais que, acredite-se ou não, já foram normalizados.
É o caso das chaps, as famosas calças normalmente feitas de couro e que deixam a zona das virilhas à mostra. Este item do guarda-roupa que se tem tornado um símbolo de sex appeal, na maior parte dos casos, também não procura esconder o traseiro. Têm sido uma das peças go-to nos festivais de verão e também são muito usadas no mundo do espetáculo.
Porém, a provocação nem sempre foi o principal objetivo deste modelo. Começou por ser um artigo presente no armário masculino, nomeadamente dos cowboys. E continuam a ser associadas aos mesmos. Foram criadas com um objetivo funcional, já que protegiam as pernas dos vaqueiros quando percorriam os terrenos a cavalo. Popularizaram-se, com o passar dos anos, nos western movies, onde os atores lhes deram uma nova aura.
Eventualmente, tornaram-se uma peça muito presente em representações homoeróticas. Na década de 90, no seio da vida noturna, passaram a ser associadas a um estilo mais fetichista, ligado ao couro e à exposição provocadora de partes do corpo. Uma forma subversiva de encarar a sexualidade.
Sex appeal e liberdade de expressão foram os dois principais motivos que catapultaram este modelo para a cultura pop. Do indomável Prince, que as usou na sua performance nos VMAs de 1991, a Christina Aguilera, cujo look usado em “Dirrrty” se tornou um dos seus mais conhecidos, a moda tornou-se mais uma das controversas escolhas que marcaram o início do século. Megan Thee Stallion e Doja Cat assumem hoje esse papel.
Tal como muitas outras trends, como é o caso das calças de cintura descaída ou as sobrancelhas ultrafinas, a tentativa de recuperar o styling dos anos 2000, juntamente com o fascínio com a moda ocidental, está na origem de mais um revival que tem causado curiosidade no público feminino.
Ainda não vão ser a peça que vai encontrar na rua, a não ser que se encontre num evento mais festivaleiro, mas o interesse tem sido crescente. No site Depop, uma plataforma de venda de roupa online, entre o mês de maio e de junho, a procura por “chaps” aumentou 10 por cento. As mais corajosas que optam por experimentar a peça usam-na com umas cuecas de cintura subida por baixo.
As chaps são mais um acrescento à lista de formas de festejar um mundo pós-pandémico, embora mais subversivo pela indiscrição. Cada vez mais designers tem aproveitado para colocar estas peças na passarela, tal como Mugler já fazia nos anos 90. Fazem parte do stagewear de artistas que ousam na forma como se apresentam ao vivo e, no que diz respeito à população geral, são um dos complementos favoritos para os festivais, onde as regras de street style são bem diferentes das ruas quotidianas.
Carregue na galeria para ver a forma como as calças chaps estão a regressar à cultura popular, desce celebridades a festivaleiros.