O concelho do Seixal tem uma forte ligação às atividades marítimas e ao Rio Tejo. Recentemente, e sobretudo após a requalificação do Núcleo Urbano Antigo, começaram a surgir propostas gastronómicas criativas um pouco por todo o concelho que seguem precisamente esta ligação.
Entre os responsáveis por este sucesso estão nomes como João Macedo, Dina e Luís Oliveira, e Mauro Airosa. O chef seixalense é o responsável por um espaço único na Amora — o KAMBA. É também uma das figuras que participaram na edição de 2019 do programa “Masterchef Portugal”.
Tudo começou quando era pequeno, como é é habitual nesta profissão. “Sempre gostei imenso de cozinha. Estava muitas vezes ao lado da minha avó e da minha mãe a cozinhar e fui aprendendo com elas”, explica à New in Seixal.
Apesar de ter vivido quase toda a sua vida em Portugal, e em concreto no Seixal, Mauro, com 36 anos, nasceu em Angola. Só veio para o nosso País com cinco anos. “Basicamente vivi sempre em Portugal e não me vejo a morar noutro sítio que não o Seixal.”
Os primeiros espaços e a participação no Masterchef
A paixão pela cozinha foi crescendo e quando percebeu que a sua vida profissional ia passar por aí, soube de imediato que o seu restaurante tinha de ser neste concelho da Margem Sul. Até à sua participação no “Masterchef” não fez formação específica em restauração, aprendendo enquanto cozinhava. “Sou muito autodidata. Invento muito e experimento muito.”
Em 2014, abriu a Hamburgueria do Rio, que foi um dos primeiros espaços no Seixal a terem sucesso fora do concelho. “Acredito que tenha sido um dos impulsionadores daqueles que são os conceitos inovadores.”
No ano seguinte, abriu o Alfaite, que era uma hamburgueria em Santa Marta do Pinhal, e que acabou por se expandir mais tarde para a marginal do Seixal, com o nome Alfaite al Forno, onde havia pizzas e carnes maturadas.
Profissionalmente, estava tudo a correr bem, mas em 2019 decidiu inscrever-se no programa “Masterchef Portugal” — e acabou por ficar nos cinco finalistas deste programa de televisão. A experiência serviu para crescer e aprender muito sobre cozinha, até porque os concorrentes fazem sempre formações antes do início das gravações.
“A entrada no ‘Masterchef’ veio mudar em muito a minha vida, não só como homem mas também como profissional. Foi nesse momento que tive mesmo a certeza que a minha vida ia passar pela cozinha para sempre.”
O surgimento do KAMBA
Além da formação que teve durante este programa de televisão, Mauro quis aproveitar a experiência para criar a sua própria identidade enquanto chef de cozinha. “As ideias que tinha, aperfeiçoei-as depois do programa com os estágios e com as formações.”
Essa identidade, que encontrou entre 2019 e 2020, deu origem ao KAMBA, que faz uma viagem pelos PALOP, isto é, os países de língua oficial portuguesa. O restaurante, situado na Amora, abriu em outubro de 2020, e o chef Mauro utiliza os sabores destes países para criar pratos originais.
“A minha mentalidade foi para trabalharmos dia a dia, sem grandes expetativas, e abrimos isto já com uma adaptação ao momento em que vivemos.” A pandemia não veio ajudar ao funcionamento do restaurante, mas veio mostrar outras formas de trabalhar, como as entregas ao domicílio.
Ao contrário de outros espaços no concelho, aqui a proposta é mostrar os sabores internacionais, com pratos pouco conhecidos em Portugal. Pode, por exemplo, comer um crocante de corvina, um pato confitado, um bife de novilho ou até um hambúrguer de camarão à guilho — podem ser pedidos no menu executivo por 12€, com bebida, sobremesa e café. “Tenho a base da cozinha portuguesa, mas depois vou caminhando para aquilo que é a cozinha PALOP. É uma cozinha de fusão, sem dúvida.”
Todos os sábados há um DJ set; e ao domingo chega a música ao vivo, normalmente com bandas de samba — e nem as restrições param as atividades no restaurante.
O KAMBA tem sido um sucesso na Amora, por isso o chef já pensa em expandir este conceito para Lisboa e até Angola, onde nasceu.