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Co Kitchen: o novo espaço do Seixal que celebra a partilha à volta da mesa

Arquitetura, viagens e gastronomia cruzam-se no percurso de Gabriela d’Almeida, que trocou o desenho pelas experiências culinárias.

Há quem diga que as melhores ideias nascem da vontade de partilhar e talvez tenha sido precisamente isso que moveu Gabriela d’Almeida. Aos 38 anos, natural de Viseu, mas seixalense de coração, trocou a arquitetura pelo universo da gastronomia e acaba de abrir um novo conceito na Arrentela: o Co Kitchen, um espaço de 40 metros quadrados onde a comida, a criatividade e o convívio se encontram.

Formada em Arquitetura pela Universidade da Beira Interior, Gabriela mudou-se para Lisboa há 12 anos e, há cerca de sete, decidiu fazer do Seixal a sua casa. Uma escolha que, como diz, “foi feita pelo coração”. Vive perto da Quinta da Fidalga e confessa que rapidamente se apaixonou pelo ritmo mais calmo e pela comunidade que encontrou no concelho.

Durante anos, trabalhou em arquitetura, mas faltava sempre algo. “A decisão de sair da área foi sofrida. Não sabia exatamente o que queria, mas percebi que já não era feliz”, conta. Em 2015, decidiu arriscar: começou uma formação em gestão hoteleira, com foco na restauração, e mergulhou num mundo completamente novo. 

Geriu espaços de restauração, deu aulas na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e formou-se em várias áreas ligadas à gastronomia, da cozinha à enologia. Foi esse percurso que deu origem ao Gabbi’ystro, o seu primeiro negócio, lançado há quatro anos. Um trocadilho entre “bistrô” e “Gabi”, que rapidamente se tornou sinónimo de catering criativo e finger food com alma.

Da pandemia à partilha

A ideia do Co Kitchen, inaugurado a 3 de outubro, nasceu durante a pandemia. Em casa, Gabriela começou a organizar happy hours virtuais, onde selecionava vinhos e um amigo cozinheiro preparava receitas para os participantes. “Era uma forma de nos mantermos juntos, mesmo à distância. Foi aí que percebi o quanto as pessoas precisam de estar à volta da mesa”, recorda.

Essa vontade transformou-se num conceito físico e tangível: um espaço de partilha, até 12 pessoas, que podem participar em workshops, provas de vinhos ou jantares temáticos. O objetivo é criar momentos intimistas, em que o prazer da boa comida se cruza com a curiosidade e a aprendizagem.

“O Co Kitchen é um lugar de partilha, de conhecimento, de experiências e de sabores”, resume Gabriela. O espaço, com uma decoração acolhedora e moderna, está pensado para receber eventos privados, formações, experiências gastronómicas e até workshops de cerâmica ou florais.

As reservas são feitas através das redes sociais ou por email, com cerca de duas semanas de antecedência. “Queremos que as pessoas se sintam em casa, que percebam que este é um lugar onde se vem aprender, mas também relaxar e desfrutar”, explica.

O primeiro evento oficial, “Wine & Bite”, aconteceu no passado sábado, 18 de outubro, dedicado aos vinhos de inverno. O formato foi simples, mas delicioso: uma hora de prova com três vinhos cuidadosamente selecionados por Diogo Frade, sommelier convidado, acompanhados por dois petiscos criados especialmente para a ocasião — mini tartes de brie com cebola caramelizada e croquetes de castanha.

A participação custou 18 euros, sendo que 5 euros podiam ser convertidos em vale para a compra dos vinhos provados — valor que deverá ser similar nos próximos workshops.

Gabriela é uma viajante curiosa e cada destino deixa-lhe novos sabores e histórias. Passou por Marrocos, Vietname, Goa e Suécia, experiências que descreve como “lições vivas de cultura e gastronomia”. No Vietname, por exemplo, fez voluntariado numa cozinha social onde aprendeu receitas locais como tofu frito recheado com carne picada e descobriu combinações improváveis, como o açúcar usado em pratos de camarão.

“Essas viagens deram-me uma nova perceção da comida, como um ponto de encontro, uma forma de contar histórias”, diz. Parte dessas influências surgem agora nos menus e workshops do Co Kitchen, que pretende ter, pelo menos, quatro eventos temáticos por ano.

 
 
 
 
 
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O próximo, já a pensar no Natal, será dedicado às entradas e finger food: uma oficina de receitas para ajudar os participantes a preparar mesas festivas, com tábuas de frios e pequenas iguarias dignas de um catering profissional.

Apesar do nome, o Co Kitchen é mais do que uma cozinha partilhada. É, nas palavras da fundadora, “um ponto de contacto entre as pessoas. Quero que este seja um lugar onde se sintam inspiradas não só a cozinhar, mas a criar, a trocar ideias, a viver experiências novas”, sublinha Gabriela.

E se, no início, a arquitetura parecia ter ficado para trás, hoje percebe que tudo faz parte do mesmo percurso. “A estrutura mental que desenvolvi como arquiteta — o planeamento, a organização, o olhar para o detalhe — é a base do meu trabalho atual. Só mudei o material: em vez de desenhar espaços, crio experiências.”

Com o cheiro a especiarias no ar, taças de vinho e gargalhadas, o Co Kitchen promete tornar-se um novo ponto de encontro para os apaixonados pela comida e pelas histórias que ela conta.

Carregue na galeria para ver alguns dos pratos e conhecer o espaço.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
PREÇO MÉDIO
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