António Dias, 33 anos, e Ricardo Alves, 34, fizeram a maior loucura das suas vidas. Cansados do trabalho de escritório como consultor informático e contabilista, respetivamente, decidiram apresentar a demissão, fazer as malas e viajar pelo mundo. Como primeiro destino, os amigos decidiram ir para a Austrália, em 2016, mas nunca planearam lá ficar. Estiveram no país durante meio ano, o trabalho nunca era fixo e havia muito emprego informal, mas legal, na área de restauração e organização de eventos.
A ideia passava por ganharem inspiração para criarem um negócio próprio, mas nada tinha saltado à vista dos dois aventureiros. Em 2017, partiram em busca do sul do continente asiático, mais propriamente Tailândia, Indonésia, Malásia e Vietnam. Juntaram algum dinheiro e viajaram em “estilo mochilão”, ou seja, apenas com uma mochila e um total de 10€ para gastar por dia, em alimentação e estadia.
Foi numa ilha da Indonésia que viram, pela primeira vez, a serem feitos os gelados de rolinho, num mercado noturno. Não provaram, já que estava uma grande fila, mas observaram de longe a perícia com que era preparada esta receita fresca e doce. “Quando vimos a confeção dos gelados, pensámos que nunca seríamos capazes de fazê-los. Era algo muito inovador para trazermos para Portugal, mas era necessário muita rapidez e destreza”, conta António, um dos proprietários da marca HeyMate, à New in Seixal.
Umas semanas depois, enquanto estavam a conhecer as ilhas da Tailândia, tiveram uma experiência muito reveladora. Normalmente, quando atracam os barcos, muitos locais ficam à espera de turistas para fazer propostas de alojamento, que António e Ricardo sempre aceitaram por serem baratas. Assim, pagaram 1€ por noite, o que equivale, atualmente, a 36 bahts, a moeda oficial da Tailândia.
A melhor parte não foi o preço, mas saberem que o dono da casa tinha um negócio de gelados de rolinho durante a noite. Ao terceiro dia de estadia e, depois de ultrapassarem algumas barreiras linguísticas — muitos locais não falam inglês — pediram ajuda, conselhos e até experimentaram fazer a iguaria com o vendedor ambulante. “Correu muito mal, mas percebemos que não era tão complicado e que, com muito treino e dedicação, era possível trazer o conceito para o nosso País. A partir daí, em todas as viagens que fizemos pela Ásia procurámos conhecer mais sobre estes gelados”, revela.
Os empreendedores voltaram a Portugal no final de 2017, reservaram dois dias para a família e foram logo trabalhar no projeto para a biblioteca do ISCTE, em Lisboa, a faculdade onde ambos se licenciaram. Fizeram uma revisão das leis, criaram a própria receita base para os gelados e tiveram de arranjar forma de construir a máquina. O último passo foi o mais difícil, uma vez que encomendar uma máquina de fora era impossível.
A verdade é que o esforço dos dois amigos foi tão grande que, no mesmo ano, lançaram a marca HeyMate e abriram o primeiro spot em Cascais, na Casa da Guia. “Gastámos quase todo o orçamento com a máquina e sobrou muito pouco dinheiro, mas encontrámos uma solução. Comprámos uma tenda de 20€ e utilizamos a estrutura para fazer uma banca de rua e conseguimos sobreviver até vir a chuva de inverno”, acrescenta.
Sempre com um lado cómico e aventureiro à mistura, a HeyMate foi crescendo e abrindo mais lojas pelo País. No entanto, tal como tantos negócios, a Covid-19 fez com que a maioria dos espaços encerrasse: apenas sobraram as gelatarias do Cascais Shopping e de Lisboa. Depois dessa quebra provocada pela pandemia, a marca voltou em força e o concelho do Seixal foi a escolha para a primeira abertura da Margem Sul.
Desde o dia 20 de novembro, pode provar os gelados da HeyMate no RioSul Shopping. Trata-se de um balcão de pequenas dimensões no primeiro piso, mesmo junto ao parque de diversões e à árvore de Natal gigante. Lá, estão duas chapas que trabalham a 20 graus negativos, concebidas para fazer este tipo especial de gelado.
Os produtos são colocados em cima da chapa fria e desfeitos por um funcionário, com a ajuda de duas espátulas. Todos os ingredientes são quase triturados e depois espalhados pela superfície. Com arte e engenho, o funcionário vai fazer os rolinhos e servir num copo pequeno (3,50€), ou grande (4,50€). Ao todo, pode pedir mais de 20 sabores diferentes, cada um inspirado nas viagens de António e Ricardo.
“Quando era pequeno, adorava comer o leite condensado das latas à colher. Obviamente, depois tinha de ouvir a minha mãe a ralhar. No entanto, no sul asiático é perfeitamente normal e utilizam o ingrediente em dezenas de receitas. Aliás, este é um dos principais motivos de quase todos os nossos gelados levarem, pelo menos, um apontamento deste doce. No entanto, a nossa receita base não é como a deles. Eles misturam leite, natas e açúcar, é horrível, só vendem aos turistas, os locais não consomem. O nosso modelo é menos doce, mas depois é compensado pelos toppings e sabores, que vão desde a fruta a combinações de Oreo com bolacha lotus”, conclui.
Além dos gelados, pode pedir os bubble waffles, que vêm em formato mini ou XL, e os milkshakes. Porém, o modelo que aconselhamos é o puffy (4,90€), que se trata de um mini bubble waffle à volta de rolinhos de gelado por dentro. Assim, prova o melhor dos dois mundos, o quente o frio. Para que o pedido seja fácil, os sabores têm todos os mesmos preços e podem ser pedidos em gelado ou milkshake.
Os sabores são incríveis e feitos com marcas originais
A New in Seixal foi ao espaço para perceber se os rolinhos eram realmente bons. Para isso pedimos dois sabores, o bestseller Bali, composto por Kinder Bueno white, morango e leite condensado, e o banana condenada, que leva banana, leite condensado e chips ahoy. As opções foram servidas no modo puffy.
Ficámos muito surpreendidos, os produtos usados eram das marcas originais e o gelado da HeyMate era muito saboroso, com uma textura que ficava cada vez melhor à medida que derretia. Quanto ao bubble waffle, tem muito sabor e a massa é extremamente fofa. O melhor é esperar que o calor do waffle derreta um pouco o gelado e misturar as duas texturas.
Por último, saiba que a HeyMate planeia chegar a Setúbal antes do final deste ano e as novidades não vão parar por aqui. Até lá, carregue na galeria para conhecer alguns produtos que são servidos neste novo espaço do Seixal.